Sem Terra começam a erguer novos assentamentos no Rio Grande do Sul

Na quarta-feira (3/12), cresceu a movimentação de famílias acampadas em direção às sete áreas recentemente desapropriadas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no estado. Oitocentas famílias foram selecionadas dentre os 13 acampamentos existentes hoje no RS e serão assentadas nos municípios de São Gabriel, Santa Margarida do Sul e Alegrete, na Fronteira Oeste.

O MST comemora as conquistas, que somente foram conseguidas com muita luta pela Reforma Agrária e contra a repressão e criminalização do Movimento vividas em 2008. Os Sem Terra seguirão lutando e pressionando para que o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado entre o Incra e o Ministério Público neste ano, seja cumprido e as 1,2 mil famílias ainda acampadas sejam assentadas.

Dentre as principais conquistas está a da Fazenda Southall, localizada na cidade de São Gabriel e em disputa há muitos anos. Uma história de luta iniciada em 2003, quando famílias Sem Terra, trabalhadores urbanos e apoiadores fizeram uma marcha pela desapropriação do latifúndio, processo que foi impedido por um decreto do Supremo Tribunal Federal (STF).

Depois de cinco anos, as famílias conquistam a terra, que possui dívidas com a União e chegou a ser negociada com a Aracruz Celulose para a monocultura de eucalipto. Agora, a Reforma Agrária dará uma função social para a Southall, que com o assentamento das famílias produzirá comida saudável para a população, movimentará o comércio local e contribuirá no desenvolvimento da região.

No próximo dia 18/12, o MST, a comunidade da região de São Gabriel e autoridades realizam um grande ato público na Fazenda Southall para comemorar sua desapropriação e o assentamento das famílias.

Os Sem Terra seguem também para a Fronteira Oeste, a fim de alterar o modelo de produção no campo da região, que estava sendo tomado pelas transnacionais papeleiras. Modelo que neste segundo semestre deu sinais de sua grande fragilidade e da ameaça que representa para os trabalhadores. Devido à cirse econômia que assola todo o mundo, o setor da celulose já demitiu mais de 800 trabalhadores somente no Rio Grande do Sul. A crise vivida hoje expõe a inviabilidade do modelo de produção baseado na exportação e nas commodities, entre elas a celulose. De um outro lado, a Reforma Agrária continua gerando empregos no campo e estimulando a produção de alimentos saudáveis e acessíveis.