“Acampamento denunciou golpe”, afirma dirigente do MST
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) interrompeu, na última quinta-feira (18), o julgamento do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), e de seu vice, de Luiz Carlos Porto (PPS). O ministro Felix Fischer pediu vista do processo, e ainda não há previsão de retomada do caso.
Lago é acusado de compra de votos e abuso de poder econômico nas eleições 2006. No entanto, entidades da sociedade civil denunciam que a cassação é uma tentativa de golpe da família Sarney, que está movendo o processo, pois, se Lago deixar o cargo, quem irá assumir será a senadora Roseana Sarney (PMDB), segunda colocada nas eleições.
Foi para evitar a cassação que, desde o dia 9 de dezembro, integrantes de organizações populares, movimentos sociais e de sindicatos rurais estiveram acampados em frente ao Palácio dos Leões, em São Luís.
Na avaliação do integrante da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Jonas Borges, o acampamento teve um caráter muito positivo já que, além de dar visibilidade política às denúncias das organizações, serviu de como um “exercício de cidadania” para o povo maranhense. Nos dez dias em que esteve montado, o acampamento recebeu cerca de 20 mil pessoas de todos os municípios do Estado.
O governador Jackson Lago disse que a mobilização dos movimentos sociais está despertando a atenção do Brasil para a tentativa de manobra no Maranhão. Ele afirma que está confiante na Justiça brasileira e que acredita que ela respeitará a democracia e o voto da população maranhense por uma questão de direito, já que se trata de um processo político e não jurídico.
“Cada gesto de vocês está sendo acompanhado pelo Brasil, que está conhecendo a realidade do Maranhão. Movimentos sociais do país também estão se juntando a nós nesta luta”, frisou o governador.
“Tenho confiança na Justiça e na força popular. Estou feliz de ver as organizações sociais assumindo o governo e participando dele, vigilante e atuante. De mãos dadas, vamos avançar, ainda mais, na saúde, na agricultura, na educação e em outras áreas. O Maranhão deverá a vocês o respeito ao voto popular”, enfatizou o governador.
“O acampamento ajudou a mostrar a tentativa de golpe, conseguindo furar o controle da mídia local, que é praticamente toda da família Sarney”, avalia Borges.
Garantia de legitimidade
O integrante do MST explica que as entidades não estão empenhadas em defender um governo, e sim em garantir sua legitimidade política. Contudo, é inegável, segundo ele, que o mandato de Jackson Lago trouxe um evidente avanço em relação aos movimentos sociais, na medida em que se propôs a dialogar – atitude bem diferente dos membros da família Sarney.
“A base histórica de Sarney é formada pelo latifúndio, ele sempre deu subsídios bancários a grandes empresas. Foi assim que ele garantiu seus 40 anos de governo”, recorda.
O sub-chefe da Casa Civil, Emilio Azevedo, espera que o Tribunal Superior Eleitoral não acate as denúncias que, de acordo com ele, são manobras da família Sarney para não retomar o poder.
“O governo respeita as instituições e respeita o Poder Judiciário e espera que esse mesmo Judiciário aja com bom senso. E o governo também acredita na força da mobilização popular como instrumento de denúncia para todo o Brasil do golpe que o grupo Sarney está tentando dar no Maranhão”.
O acampamento em frente ao Palácio dos Leões foi desmontado nesta sexta-feira (19), mas as entidades seguem com as mobilizações no Estado, principalmente pelas cidades do interior.
(com informações de Brasil de Fato e Jornal Pequeno)