Trabalhadores protestam contra demissões da Vale
Do Brasil de Fato
Aproximadamente 500 pessoas se concentraram em frente à sede da mineradora Vale, no centro do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (11). Organizado pelas centrais sindicais Conlutas e CUT, o ato fez parte do Dia Nacional pelo Emprego, Salário e Direitos dos Trabalhadores. De acordo com o integrante da coordenação nacional da Conlutas, José Maria de Almeida, o protesto visa impedir o processo de chantagem que a Vale vem impondo aos trabalhadores.
“A Vale se utiliza da crise, da ameaça de demitir trabalhadores, para impor ao conjunto dos trabalhadores da empresa uma redução de 50% do salário. Ela é uma empresa que lucrou uma barbaridade no último período, ela tem uma reserva de caixa nesse momento de US$15 bilhões. Ela vai anunciar no mês que vem a rentabilidade dela em 2008 e o cálculo que se faz é que ela lucrou pelo menos R$ 25 bilhões. Então, é uma empresa que em hipótese nenhuma pode alegar dificuldade econômica. Não tem nenhum sentido uma empresa dessa demitir trabalhadores, muito menos ainda reduzir os salários.”
Segundo José Maria, uma proposta dessa deve ser considerada uma ofensa, quando vem de uma empresa que acaba de anunciar que vai remunerar seus acionistas com pelo menos UU$ 2,5 bilhões.
O sindicalista também afirmou que o protesto serviu para exigir do governo federal atitudes concretas em defesa dos trabalhadores. A Conlutas quer que o presidente Lula baixe uma medida provisória garantindo estabilidade no emprego para os trabalhadores, proibindo as empresas de demitir por um período de um ano ou dois anos.
“O trabalhador, quanto colocado em frente a chantagem de aceitar reduzir salário, ou perder seu emprego, ele acaba tendo que aceitar redução do salário, porque esse é o peso que tem o poder econômico das empresas no nosso país hoje. Só o governo pode equilibrar esse jogo, mas ele tem se negado a fazer.”
Após a manifestação, a mineradora retirou a proposta de redução de salários que havia feito para os funcionários que trabalham em Congonhas (MG). O sindicato local ingressou no Ministério Público do Trabalho solicitando a interferência do órgão para impedir a redução de salários.
Pela legislação, o salário só pode ser reduzido mediante acordo com o sindicato, desde que a empresa comprove grande dificuldade econômica. Mas, segundo José Maria, a Vale não tem como comprovar tal situação, uma vez que foi uma das empresas brasileiras que mais lucrou no último período. A idéia dos sindicalistas agora é continuar a ação junto ao Ministério Público para anular os acordos que a Vale já fez sobre redução de salários
Unidade
A pressão que a Vale tem exercido sobre os trabalhadores unificou as duas centrais sindicais no ato. José Maria afirmou que é dessa unidade que os trabalhadores precisam neste momento e que o esforço da Conlutas será o de juntar forças para defender o interesse concreto do trabalhador. Porém, José Maria é cauteloso ao falar sobre o fortalecimento dessa aliança.
“Existem algumas diferenças de programa. A CUT até hoje é a maior central sindical do país e ela se nega a exigir do governo que baixe uma medida provisória para garantir estabilidade no emprego porque ela não quer constranger o governo. Por outro lado, nós somos contrários ao repasse de recursos públicos para as empresas, a CUT não.”
Mas, o dirigente salientou que entidade está organizando para o dia 1° de abril, um dia nacional de lutas, com paralisações e manifestações em todo país e que a CUT e as outras centrais sindicais estão convidadas a participar.