Mais um acampamento é ameaçado por pistoleiros em PE

Cerca de 20 pistoleiros contratados por Clodoaldo Bezerra Jonas,”proprietário” da Fazenda Nova, no município de Águas Belas, ameaçam as 100 famílias que estão acampadas em frente à área, aguardando sua desapropriação. Clodoaldo, conhecido como “Codinho”, é ex-prefeito de Águas Belas e contratou os pistoleiros para executarem uma expulsão extra-judicial das famílias Sem Terra.

O MST vem denunciando a violência e pistolagem na área desde 2006, quando Codinho, juntamente com capangas armados, ameaçou e espancou trabalhadores rurais que estavam acampados na fazenda. Na ocasião a polícia foi acionada e chegou a dar flagrante das agressões e ameaças, inclusive apreendendo armamento pesado em posse dos capangas. Mas as armas foram devolvidas ao proprietário logo após a apreensão. O MST denunciou o caso no Ministério Público Estadual.

Em outra fazenda de Codinho, a Fazenda Mata Escura, vários Sem Terra foram agredidos e uma criança de 9 anos teve que ser hospitalizada com ferimentos na cabeça, resultantes da ação violenta da polícia em ação de despejo das famílias, em 2007. Todos os barracos foram queimados,
juntamente com os pertences das famílias, e as lavouras foram destruídas por tratores. À época o MST já havia denunciado a agressão policial ao Ministério Público Estadual, à Ouvidoria Agrária e à
Corregedoria da Policia Militar.

Na Mata Norte famílias acampadas há 13 anos são ameaçadas de despejo por inoperância do estado

Em outra região do Estado, na Zona da Mata Norte, cerca de 100 familias que vivem na área do Engenho Bonito, em Condado, correm o risco de perderem toda a vida que construíram durante os últimos 13 anos, desde que acamparam na área em 1996.

A área, supostamente pertencente ao Grupo João Santos, foi vistoriada e dada como improdutiva pelo Incra, desde setembro de 1996, mas a empresa entrou com ação no Tribunal Regional Federal (TRF) alegando que lá havia um projeto de reflorestamento com bambu. Em 2004, foi feita uma nova vistoria, dessa vez por um perito da Justiça, que comprovou o laudo de improdutividade do Incra. Mas, na sentença, o laudo do perito não foi levado em conta e o processo continua em
andamento – sem definição até hoje.

Em abril de 2006, em reunião com dirigentes do MST e agricultores acampados, o presidente do Incra, Rolf Hackbart, se comprometeu a garantir a vinda do procurador geral do Instituto para fazer o acompanhamento político do caso no Tribunal Regional Federal, pressionando para a resolução da disputa judicial. Quase 3 anos depois da promessa, as famílias continuam aguardando.

Após audiência publica sobre o caso, realizada em novembro do ano passado, o Juiz da Comarca de Condado deu um prazo até o dia 17 de fevereiro para que o Governo do Estado de Pernambuco encontrasse uma saída de negociação com o Grupo João Santo. O prazo terminou sem nenhuma posição dos órgãos responsáveis e a ameaça de despejo continua pairando sobre as vidas das famílias.

Saiba mais:

Famílias são ameaçadas por pistoleiros em Pernambuco
24/02/2009 – Conflito envolvendo as fazendas Consulta e Jabuticaba – onde nesta semana quatro pistoleiros foram mortos – ocorre desde o ano 2000. De lá pra cá foram vários os despejos realizados pela polícia militar e as ameaças permanentes por parte de milícias armadas.