Trabalhadoras ocupam o Ministério da Agricultura
Nesta segunda-feira (09/03), cerca de 800 mulheres da Via Campesina ocuparam o prédio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,em Brasília, onde realizaram um ato. As trabalhadoras rurais denunciam o modelo de desenvolvimento imposto pelo governo, empresas transnacionais e bancos para o campo brasileiro, e cobram a implementação de um modelo agrícola baseado na pequena agricultura, através da realização da reforma agrária, e uma política econômica voltada para a geração de empregos para a população.
Segundo dados do Ministério do Trabalho, apenas no mês de janeiro foram fechados 101.748 postos de trabalho com carteira assinada. Na avaliação das manifestantes, osatuais investimentos do Estado não alcançam quem mais precisa deles num momento de crise como o atual: pequenas e médias empresas e setores que geram desenvolvimento nacional, como o da agricultura camponesa. Ao invés disso, o governo prioriza o agronegócio, que gera cada vez menos empregos e não produz alimentos para os brasileiros. Do total previsto pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o período entre 2008 e 2011, por exemplo, o setor tem previsão de R$ 45,1 bilhões em investimentos.
Existem no Brasil 130 mil famílias acampadas e mais de quatro milhões de famílias sem-terra. “A realização da Reforma Agrária e a consolidação de um novo modelo agrícola dependem da derrota do modelo econômico vigente. A oferta de crédito rural do governo federal para a agricultura empresarial nesta safra (2008/09) é de R$ 65 bilhões e de apenas R$ 13 bilhões para a agricultura familiar, com isenção dos impostos de exportação. Exportar somente matéria-prima não desenvolve o país, nem distribui renda”, afirma Itelvina Masioli, integrante da Via Campesina.
O ato integra a Jornada Nacional de MulheresCamponesas na Luta Contra o Agronegócio, por Reforma Agrária e Soberania Alimentar.
Escola Itinerante
Na entrada do Ministério, as mulheres camponesas montaram a Escola Itinerante Paulo Freire, com cerca de 50 crianças, em protesto contra a recente decisão do Ministério Público do Rio Grande do Sul em fechar as escolas do MST (Movimento dosTrabalhadores Rurais Sem Terra) em acampamentos gaúchos.
As Escolas Itinerantes são espaços públicos de conhecimento, criação, socialização com base em valores ético-políticos libertários e democráticos. Estudiosos de diversos países as investigam e as difundem por meio de teses, artigos, experiências de educação popular, propagando ideais pedagógicos originalmente sistematizados e difundidos por Paulo Freire.