Sem Terra encerram marcha com ato na Assembléia de MT

Os integrantes do MST encerraram a Marcha por Reforma Agrária, Emprego e Meio Ambiente na Assembléia Legislativa, nesta quinta-feira (23/4), onde pressionaram os deputados a cobrar mais agilidade no processo de regularização fundiária. O presidente da Assembléia Legislativa, José Riva (PP), convidou os manifestantes a entrarem no prédio da Casa do Povo e participarem de uma audiência no auditório Renê Barbour.

O movimento cobra mais participação dos assentados nas audiências públicas realizadas para discutir o Zoneamento e também o cumprimento da legislação federal que exige a preservação de 80% das terras em reserva legal.

A manifestação faz parte da jornada de lutas realizadas em todo o país neste mês de abril. Participou do protesto na Assembléia, o integrante da direção nacional do MST João Pedro Stedile, coordenador nacional do MST. Segundo ele, a Reforma Agrária em Mato Grosso está parada e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) adotou o mesmo procedimento de regularizar terras de posseiros.

“Em Mato Grosso não há processo de reforma agrária. Existe processo contra reforma agrária”, declarou em entrevista coletiva. “Nossa avaliação sobre reforma agrária em Mato Grosso é péssima”, opinou. De acordo com Stedile, há um bom tempo o Incra vem regularizando apenas áreas de posseiros, ou seja, terras ocupadas que dependiam da legalização dos documentos em nome daqueles que detinham o direito de ocupação.

Ele denunciou que o governo federal, mesmo negando a existência da crise econômica, cortou em 42% os recursos do orçamento da Reforma Agrária. A verba de compra de terras, por exemplo, caiu de R$ 956 para R% 500 milhões.

O líder Sem Terra apontou questões locais que preocupam o Movimento pela terra e a defesa do meio ambiente. Aqui, conforme ele, a Amazônia começaria a despontar como uma saída para investidores estrangeiros contra a crise mundial, o que poderá trazer conseqüências de proporções ainda desconhecidas.

No entendimento dele, grandes capitalistas estão de olho na Amazônia acreditando que o investirem agora em terras, num momento de crise, poderá auferir grandes lucros quando o cenário melhorar.

Outra questão mato-grossense criticada por Stedile foi a proposta de Zoneamento Ambiental em debate na Assembléia Legislativa. Além de defender debate setorizado como forma de atender às necessidades e interesses de cada região, ele acha que não se pode infringir a Constituição Federal ampliando as áreas de desmates.

O deputado Alexandre César (PT) admitiu a lentidão na questão Reforma Agrária no país, no entanto, enfatizou que o problema foi agravado no período da ditadura e acabou sendo postergado até chegar na atual conjuntura. O deputado José Riva (PP) disse que a Casa estará sempre aberta para os movimentos.

(Com informações de Diário de Cuiabá e Do Olhar Direto)