Camponeses e ribeirinhos realizam protestos em Rondônia

Aproximadamente 15 mil camponeses protestam por melhores condições de sobrevivência no campo durante a Jornada de Lutas do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), em 13 estados brasileiros. Em Rondônia, um acampamento reúne cerca de mil camponeses de 22 municípios do estado desde o dia 18/5.

Na manhã de hoje (21/5), Josivaldo Alves da Silva, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), falou sobre o atual modelo energético e como os ribeirinhos do Rio Madeira estão sendo expulsos de suas terras para a construção das barragens Santo Antônio e Jirau. Pela tarde os camponeses irão fazer um ato de protesto nas principais ruas de Porto Velho contra as barragens no Rio Madeira e em solidariedade aos povos atingidos.

Os manifestantes reivindicam infra-estrutura para a agricultura camponesa. Eles já realizaram uma reunião com o governo do Estado e criticaram o alto investimento para o agronegócio, enquanto os pequenos agricultores ficam com poucos recursos: “Foram liberados cerca de R$ 60 bilhões de reais para o agronegócio e para a agricultura familiar, somente oito bilhões de reais, sendo que esta responde por mais de 70% da produção que vai pra mesa dos produtores brasileiros”, afirma Oldair Souza, coordenador do MPA no Estado.

Ontem também estiveram em audiência com representantes do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) e da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) para discutir a pauta ambiental. Recentemente o MAB denúnciou que os ribeirinhos atingidos pelas barragens do Madeira estão recebendo multas deste e de outros órgãos de fiscalização, como uma forma de conter as manifestações e as denúncias que a população vem fazendo de crimes sociais e ambientais.

Paradas as obra de Jirau

Expirou ontem o tempo dado para a licença provisória de instalação da usina e a obra está parada. A licença foi concedida pelo Ibama no dia 14 de novembro de 2008 e tinha o prazo de seis meses. As donas da barragem são GDF Suez, Chesf, Eletrosul e a Camargo Corrêa, empresas que depois da realização do leilão alteraram o projeto da cachoeira de Jirau para a Ilha do Padre. No início de ano, o projeto foi novamente alterado. As obras atingiriam apenas apenas a Ilha do Padre, mas agora a usina passará também pela Ilha Pequena. Essa alteração foi feita sem a mudança nos estudos e relatórios de impacto ambiental e ignorou o alcance da área de alague e os impactos sociais.

Existe uma pressão muito grande das empresas para a emissão da licença definitiva, que pode sair ainda nesta semana. Os movimentos sociais do estado repudiam qualquer iniciativa neste sentido, já que as empresas omitem a estimativa dos impactos da obra com a alteração do eixo da barragem.

(As informações são do Setor de Comunicação do MAB)