MST fecha rodovias para cobrar libertação de trabalhadores

Nesta quarta-feira, o MST realiza fechamentos de rodovias federais em seis pontos do estado da Paraíba, para cobrar agilidade da justiça na liberação dos dois trabalhadores presos no dia 2 de maio, durante uma desocupação ilegal em uma fazenda, próximo ao município de Pocinhos.

Há protestos no trecho entre Patos e Condado (BR 230), no Sertão; próximo as cidades de Monteiro (BR 101, km 83), Caaporã (BR 101 divisa entre os estados da PB e PE), Remígio (Rodovia PB 75) e Mari (PB 073) e também no trecho próximo a São José da Mata (BR 230).

As manifestações têm o intuito de dialogar com a sociedade e exigir agilidade da justiça na soltura dos presos, que há 27 dias estão na Casa de Detenção do Monte Santo. Estão sendo distribuídos panfletos aos motoristas explicando o motivo das manifestações.

O pedido de liberdade provisória dos dois trabalhadores que permanecem presos foi negado pela Juíza de Pocinhos, Adriana Maranhão Silva, diante disso, foi protocolado um /Habeas Corpus/, junto ao Tribunal de Justiça da Paraíba, solicitando a libertação imediata dos presos políticos, mas
até o momento o Desembargador- Relator Antonio Carlos Coelho da Franca não se pronunciou.

Um comitê de solidariedade ao MST e pela libertação dos presos foi formado em Campina Grande e conta com a participação de várias entidades como a ADUFCG, CENTRAC, SINTEP, entre outras. Na Paraíba o MST também conta com a solidariedade do Superintendente do INCRA, Frei Anastácio;
Ouvidoria Agrária do INCRA-PB, Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da UFPB, Fundação Margarida Maria Alves, Comissão de Direitos Humanos da OAB-PB, Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, Centro de Defesa dos Direitos Humanos Dom Oscar Romero, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, vereadora de João Pessoa Sandra Marrocos, vereador de João Pessoa Jorge Camilo, CUT-PB (Central Única dos Trabalhadores) , Sintect-PB, Marcha Mundial das Mulheres e Assembleia Popular.

As circunstâncias da prisão

No dia primeiro de maio, 60 famílias de trabalhadores rurais sem terra acampadas a margem da fazenda Cabeça de Boi, em Pocinhos-PB, viveram uma noite de terror. As famílias acampavam no intuito de pressionar o governo a agilizar o processo de assentamento.

Na madrugada, foram surpreendidos por um grupo de homens encapuzados que dispararam inúmeras vezes contra as famílias. A maioria dos trabalhadores rurais Sem Terra conseguiu escapar dos disparos entrando na mata fechada.

Os homens encapuzados, acompanhados pelos proprietários da fazenda, de policiais militares e da guarda florestal atearam fogo nos barracos das famílias acampadas, destruindo seus pertences. Também incendiaram um veículo de um apoiador, que dava suporte ao acampamento.

Sete trabalhadores foram capturados e violentamente torturados. Seus corpos foram molhados com gasolina e eles ficaram horas sob a ameaça de serem incendiados vivos. Um dos trabalhadores torturados foi levado à casa grande da fazenda, que foi incendiada com ele dentro. No desespero
ele conseguiu sair e salvar sua vida.

Além da repressão sofrida, estes trabalhadores foram detidos, sob a alegação de que teriam cometido os crimes de que foram vítimas: incêndio, porte ilegal de arma de fogo, e de terem disparado contra seus agressores. Dos sete detidos, cinco foram liberados, entre eles dois de
menor, e os outros dois continuam presos no presídio do Monte Santo em Campina Grande.

Área para fins de Reforma Agrária

A fazenda Cabeça de Boi foi declarada pelo Governo Federal “área de interesse social para fins de reforma agrária”, em decreto assinado pelo Presidente da Republica em 4 de dezembro de 2008. A fazenda de 747 hectares de terra foi a área reivindicada pelas famílias sem terra que na noite do dia 1º de maio montaram acampamento as margens da BR 230 vizinha a fazenda.