Pastoral do Migrante denuncia efeitos desastrosos do agronegócio

Da Adital

Lideranças de vários estados brasileiros se reuniram no bairro do Ipiranga, em São Paulo, para participar do Coletivo Nacional de Formação do Serviço de Pastoral do Migrante (SPM), ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no último fim de semana.

O objetivo do encontro foi preparar os agentes que atuarão em favor dos migrantes temporários (geralmente trabalhadores do corte de cana-de-açúcar) e imigrantes indocumentados.

Um dos pontos seriamente discutidos durante a preparação dos agentes do Coletivo foi o registro de morte de migrantes por excesso de trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar. A causa das mortes seria o esforço dos trabalhadores em busca de remuneração, já que o baixo pagamento é feito por produção. “Tal violação do direito à vida deve ser imediatamente contida”, informa o texto, enviado pela Secretaria Nacional do Serviço Pastoral dos Migrantes.

A prática da exportação agrícola que incentiva a produção do biocombustível e a monocultura de alguns vegetais como a cana-de-açúcar também foram duramente criticadas.

Pesquisadores esclareceram que tais práticas ocupam áreas onde deviam ser plantados alimentos. E aqueles que defendem a produção do álcool em escalas menores dizem que, neste processo, outras atividades estariam envolvidas, a fim de se ter um maior aproveitamento do produto e do excedente, podendo aumentar a lucratividade.

A pobreza é um dos fatores determinantes para a migração, já que os indivíduos partem em busca de trabalho e sobrevivência. Mas, de acordo com a assessoria do Professor Fernando Lourenço (Unicamp), não existem políticas de combate a este problema social.

Na verdade, quando se pensa em erradicar a pobreza, o alvo são as pessoas e chega-se até mesmo a praticar políticas de expulsão. Políticas do Banco Mundial apontam mais para a destruição dos pobres que sua emancipação da pobreza. “Temos que pensar políticas que erradiquem a pobreza e não apenas a amenizem”, declara o texto.