Indígena Kaiowá Guarani é assassinado no MS
Ao amanhecer do último sábado (30/5), dona Leila Pereira, Kaiowá Guarani do acampamento Kurusu Ambá, no município de Coronel Sapucaí, recebeu o aviso de que o corpo de seu filho, Osvaldo Pereira, estava à beira da estrada.
Segundo Leila, por volta das 21h do dia anterior, dois homens não indígenas chegaram convidando Osvaldo para sair de casa. Num ato não costumeiro, o jovem saiu. A mãe não conseguiu identificar quem estava chamando o filho. Já no início do dia seguinte recebeu a notícia de que estava morto.
Osvaldo tinha 24 anos, era casado e tinha um filho recém nascido. Há poucos dias, havia sido escolhido como secretário da organização da comunidade.
O corpo de Oswaldo foi encontrado repleto de marcas de tiro logo abaixo da costela e na cabeça, bem como sinais de ferimentos feitos com faca. Para os membros da comunidade não restam dúvidas de que se trata de um assassinato. Foram encontradas também marcas recentes de pneu de trator próximo a cerca do lado interno da fazenda que beira o local do crime, o que poderia denunciar a possível manobra de arrasar o corpo até a beira da estrada para simular um acidente. Na pista da rodovia não há sinal de freadas, ou mesmo de vidros quebrados.
Com destruir uma comunidade indígena
Esta comunidade Kaiowá Guarani, com um pouco mais de uma centena de pessoas, desde que retornou a seu tekoha, da qual foi violentamente retirara, está sob um processo de forte ataque. Já são três as lideranças assassinadas, seis feridos, quatro presos. Estão à beira da estrada sob constantes ameaças, com tiros sendo disparados na direção do acampamento frequentemente. Conforme inúmeras denúncias da comunidade para delegações nacionais e internacionais de direitos humanos, suas lideranças continuam ameaçadas de morte. Crianças morrendo de fome. Dependem totalmente da cesta básica, que é insuficiente para alimentar os membros da comunidade. Choram quando lembram tanto sofrimento e não vislumbram nenhuma solução para que possam voltar à sua terra, plantar e viver em paz. Kurusu Ambá faz parte dos 36 tekoha que os Grupos de Trabalho da Funai estão identificando. A terra fica no município proporcionalmente mais violento do país.
(Com informações do Cimi)