Sem Terra sofrem com a intimidação da polícia em SC

No final de janeiro de 2008, integrantes do MST realizaram uma ocupação na fazenda Mato Queimado, em Taió (Santa Catarina), após a imissão do decreto de desapropriação da terra. O proprietário da área reagiu de forma violenta, com forte esquema de segurança armada particular e com o acompanhamento da Polícia Militar do município.

No final de janeiro de 2008, integrantes do MST realizaram uma ocupação na fazenda Mato Queimado, em Taió (Santa Catarina), após a imissão do decreto de desapropriação da terra. O proprietário da área reagiu de forma violenta, com forte esquema de segurança armada particular e com o acompanhamento da Polícia Militar do município.

Visando resolver a questão, os Sem Terra denunciaram o ocorrido na fazenda, ainda quando da primeira ação das famílias Sem Terra naquela área. No dia 7 de fevereiro de 2008, houve uma audiência de conciliação, presidida pelo juiz do município, com a presença de representante do Ministério Público, INCRA, MST, fazendeiro e outras autoridades, para decidir os rumos das famílias Sem Terra que, conforme relatos, foram humilhadas e desrespeitadas pela polícia na ocasião.

No entanto, no dia 6 de maio, Taió foi novamente palco de ação de desrespeito aos direitos humanos, de repressão policial e de demonstração de violência dos fazendeiros, por meio da pressão de seguranças privados fortemente armados. Nesta data, representantes do Incra e da Polícia Federal tinham como objetivo entregar um pedido de imissão de posse ao dono da fazenda Mato Queimado.

A Polícia Militar montou uma barreira em frente à propriedade, buscando impedir possíveis atos por parte dos Sem Terra. A alegação era de proteger as famílias prevendo um confronto. Dentro da propriedade, se encontrava um pelotão particular fortemente armado e comandado pelo fazendeiro. Os servidores do Incra, o Oficial de Justiça e dois Policiais Federais acabaram desistindo da vistoria da área, devido ao alto grau de ameaças.

No mesmo dia, a cinco quilômetros da cidade de Taió, um ônibus que conduzia mulheres, homens, jovens e crianças do MST, além de um caminhão com os pertences destas famílias, foram abordados por policiais em quatro viaturas. Após revista, ferramentas de trabalho foram apreendidas. O comando da polícia ainda entrou com uma denuncia junto ao Conselho Tutelar de que haviam crianças sendo maltratadas entre os Sem Terra, para assim ter mais uma ferramenta de intimidação.

Este fato foi relatado no dia 24 de abril de 2009 em reunião com entidades recebidas pelo Comandante Geral da Polícia Militar, Coronel Eliesio Rodrigues, no quartel general da Polícia Militar. A fim de denunciar os atos do proprietário da área e da polícia do município de Taió, os Sem Terra marcharão nos próximos dias rumo à área da fazenda Mato Queimado. O objetivo dessa ação é não ceder às ameaças, além de buscar o rompimento com o latifúndio da terra, que não permite o desenvolvimento da vida no campo com dignidade.