De mãos dadas com o efeito estufa
O peso do setor agropecuário nas emissões de gases de efeito estufa do Brasil é muito mais relevante do que os dados oficiais mostram. Entre 1994 – ano do último inventário oficial de emissões brasileiras – e 2005, o peso da agricultura e da pecuária aumentou 26,6%.
O setor já é mais nocivo que o desmatamento. No mesmo período, a importância relativa do desmatamento cresceu 11%. “O Brasil está mudando seu perfil de emissões. Neste contexto, a pecuária começa a se tornar uma grande vilã”, afirma Marcelo Galdos, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), instituição ligada à Universidade de São Paulo (USP).
Os dados de um estudo ainda inédito, que será publicado na edição de novembro da revista científica “Scientia Agrícola”, foram apresentados na última sexta-feira (16/10) em São Paulo. O grupo do Cena atualizou os dados setoriais apresentados em 1994. O governo federal está atualizando esse inventário, tendo como ano-base 2000, mas a publicação do material ficou só para o ano que vem.
Ignorada
A importância do peso da agropecuária nas emissões brasileiras é ignorada até pelo Ministério do Meio Ambiente.
Nenhuma medida foi proposta para diminuir de forma efetiva as emissões da pecuária e da agricultura. Os alvos foram o desmatamento e o setor energético. Pelo estudo da USP, esse último, no mesmo período, cresceu apenas 4,3%.
Nas estimativas feitas pelo grupo da USP, a fermentação que ocorre no estômago dos bois é uma das maiores responsáveis pela emissão dos gases do efeito estufa do setor. O gado emite metano, gás-estufa 21 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO2) na capacidade de reter na atmosfera o calor irradiado pelo planeta. Mas o manejo errado dos solos, sempre muito revolvidos, tem impacto quase tão grande quanto o dos bois.
(As informações são da Folha de S.Paulo)