Sobre matéria publicada na página do Jornal do Commercio
Na última sexta-feira (23/10), o Blog do Jamildo, abrigado na pagina do Jornal do Commercio na internet, publicou matéria intitulada “MST invade propriedade em São Lourenço, mata bois e faz ameaças”. A matéria, que se diz “exclusiva”, descumpre todos os princípios éticos do jornalismo: é tendenciosa, parcial, não apresenta os fatos na sua totalidade e oferece informações, no mínimo, equivocadas.
Na última sexta-feira (23/10), o Blog do Jamildo, abrigado na pagina do Jornal do Commercio na internet, publicou matéria intitulada “MST invade propriedade em São Lourenço, mata bois e faz ameaças”. A matéria, que se diz “exclusiva”, descumpre todos os princípios éticos do jornalismo: é tendenciosa, parcial, não apresenta os fatos na sua totalidade e oferece informações, no mínimo, equivocadas.
Já que o jornalista que escreveu a matéria não se deu ao trabalho de apurar as informações que divulga, a Direção Estadual do MST-PE vem prestar esse serviço à sociedade pernambucana e esclarecer o que realmente aconteceu:
1. A área RETOMADA pelas famílias Sem Terra no dia 23/10, denominada Fazenda Cajueiro São João, no município de São Lourenço da Mata, FAZ PARTE DO ASSENTAMENTO CHICO MENDES E FOI ILEGALMENTE TOMADA PELO EMPRESARIO THEOBALDO MELO, que em conluio com o cartório de registro
de imóvel local registrou em seu nome 144 hectares de terra pertencente ao Assentamento, terra que já foi desapropriada e paga pelo governo federal.
2. A ação ilegal do empresário foi denunciada pelo MST ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que requereu na Justiça a reintegração de posse contra o invasor. Diferentemente de
pedidos de reintegração de posse contra o MST, que na sua maioria saem com uma rapidez rara no sistema judiciário brasileiro, o pedido do Incra ainda não foi deferido. O proprietário argumenta que está tudo
legalmente registrado, e cercou toda a área, encheu de boi e presentou ao governo um belo projeto para implantação de um condomínio residencial no meio do assentamento. Além disso ele contratou uma milícia de 20 homens armados, a maioria pertencente à policia, para impedir que as famílias entrassem na área que pertence ao seu próprio assentamento.
3. Antes de tomar a decisão de voltar a tomar posse do que é legal e legitimo delas, as famílias ocuparam o Incra na segunda e terça-feira (19 e 20/10), exigindo uma atitude do Incra, que afirmou não poder fazer nada e que o caso depende da Justiça.
4. Com isso as famílias retomaram a área na ultima sexta-feira, área que lhes pertence por lei e por direito legitimo. Com a reocupação da área o empresário retirou provisoriamente os bois e os capangas contratados.
Lembramos que o assentamento Chico Mendes é uma área símbolo da luta pela terra em Pernambuco, e os quatro anos de luta e de violência sofrida pelas famílias acampadas no antigo engenho falido da Votarantim são muito conhecidos da sociedade pernambucana e da própria imprensa. Também é de conhecimento publico que no final do ano de 2008, os 465 hectares do Engenho São João foram desapropriados e lá foram assentadas 55 das 200 famílias do acampamento. Em meio a destruição do monocultivo de cana-de-açucar que predomina nessa região, essas famílias vêm desenvolvendo, com o apoio de professores e estudantes da
Universidade Federal Rural de Pernambuco, um assentamento totalmente agroecologico.
EXIGIMOS QUE O PODER PÚBLICO, TÃO RAPIDO QUANDO SE TRATA DE DESPEJAR FAMILIAS SEM TERRA DE AREAS IMPRODUTIVAS, SE USE DA MESMA CELERIDADE PARA RETIRAR O EMPRESARIO INVASOR DE DENTRO DO ASSENTAMENTO QUE FAMILIAS CAMPONESAS LUTARAM ANOS PARA CONQUISTAR.
E esperamos que um dia a imprensa brasileira possa ser realmente chamada de uma imprensa livre – livre da submissão aos interesses do poder econômico e das elites desse pais. Isso acontecerá no dia em que o povo, cansado de ser enganado, se organizar para exigir uma imprensa livre, popular e democrática.
Direção Estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST-PE
REFORMA AGRARIA: POR JUSTIÇA SOCIAL E SOBERANIA POPULAR