Espanha reconhece existência de afetados por transgênicos
Do Aporrea
Pela primeira vez, o Ministério do Meio Ambiente, Meio Rural e Marítimo reconheceu a existência de pessoas e de empresas que sofreram os efeitos da política de transgênicos levada a cabo pelo Executivo espanhol (1).
Na ordem do dia da reunião convocada em 21/10 pelo Ministério (2), aparece um ponto no qual se diz textualmente: “Coexistência de milho modificado geneticamente com milho convencional e ecológico. Experiências de agricultores afetados”.
Do Aporrea
Pela primeira vez, o Ministério do Meio Ambiente, Meio Rural e Marítimo reconheceu a existência de pessoas e de empresas que sofreram os efeitos da política de transgênicos levada a cabo pelo Executivo espanhol (1).
Na ordem do dia da reunião convocada em 21/10 pelo Ministério (2), aparece um ponto no qual se diz textualmente: “Coexistência de milho modificado geneticamente com milho convencional e ecológico. Experiências de agricultores afetados”.
Estes efeitos sociais e econômicos da presença de milho transgênico na Espanha vinham sendo denunciados pelas organizações ecologistas e agrárias há uma década. No entanto, os níveis de irresponsabilidade política no Governo alcançaram cotas elevadas. Por exemplo, em uma recente reunião com os coletivos ambientais e agrários, o diretor-geral de Desenvolvimento Sustentável do Meio Rural, Jesús Casas, reconhecia que as empresas como Monsanto “realizam um constante trabalho de lobby no Ministério” e que “os casos de contaminação por transgênicos são indignantes”. No entanto, Casas afirmava também que votava sempre a favor dos transgênicos no Conselho Interministerial de OGMs (Organismos Geneticamente Modificados) do Governo espanhol, apesar de reconhecer que não entende sobre transgênicos.
Apesar da existência deste ponto na ordem do dia da reunião e das afirmações de Casas, tanto a presidência da reunião como os integrantes do Ministério presentes defenderam que os transgênicos são uma opção, e que o governo da Espanha não vai freá-los. Além disso, qualificaram de ‘ato político de duvidosa validade científica’ as proibições feitas pela União Européia (UE).(3)
Outra amostra de irresponsabilidade, percebida como uma afronta histórica às posturas críticas com relação aos transgênicos e ao conjunto da sociedade civil, foi a ausência do próprio Casas (que convocou a reunião mas, “por motivos de agenda”, preferiu não estar presente). além disso, foram convocadas em bloco um conjunto de associações setoriais (algumas delas fazem lobby das multinacionais dos transgênicos), apesar de não integrarem o Conselho Assessor do Meio Ambiente (CAMA). A empresa Monsanto, por exemplo, principal responsável pelas contaminações genéticas no mundo e cujo histórico está infestado de escândalos, tinha vários representantes na reunião.
Na reunião, mais uma vez, não se tratou dos assuntos que as organizações ambientais e agrárias pautam há anos e que deviam entrar na ordem do dia – como a falta de transparência, a ausência de registros públicos dos cultivos transgênicos, as irregularidades nos rótulos dos alimentos transgênicos, os reiterados casos de contaminação etc.
Notas:
(1) O Governo segue tolerando o cultivo em grande escala de OGMs em território espanhol contra da tendência da UE e da maioria de estados-membros.
(2) Segunda Reunião do Grupo de Trabalho de OGM do Conselho Assessor do Meio Ambiente (CAMA). 21 de outubro de 2009.
(3) No sábado, 10 de outubro, a coligação que governa a Irlanda publicou um acordo no qual especifica que se “declarará à República da Irlanda Zona Livre de Transgênicos, livre do cultivo de qualquer planta modificada geneticamente”. A Irlanda se soma assim a França, Áustria, Grécia, Luxemburgo, Hungria, Itália, Polônia e Alemanha, que já mantêm algum tipo de proibição sobre o cultivo de Organismos Geneticamente Modificados. Em março, 22 estados-membros rejeitaram a proposta da Comissão para abolir as proibições existentes na Áustria e a Hungria (entre eles, a Espanha).