Que venha a CPI do MST

Por João Pedro Stedile*

A CPI contra o MST está instalada, por iniciativa dos parlamentares mais atrasados da bancada ruralista. Esses não se encaixam nem mesmo como representantes do agronegócio. Promovem as mesmas atuações da bancada da UDR, liderada por Ronaldo Caiado.

Querem projeção pré-eleitoral. Sonham em dar ao mandato parlamentar atribuições policiais contra os movimentos sociais. Rebaixam o Parlamento.

Por João Pedro Stedile*

A CPI contra o MST está instalada, por iniciativa dos parlamentares mais atrasados da bancada ruralista. Esses não se encaixam nem mesmo como representantes do agronegócio. Promovem as mesmas atuações da bancada da UDR, liderada por Ronaldo Caiado.

Querem projeção pré-eleitoral. Sonham em dar ao mandato parlamentar atribuições policiais contra os movimentos sociais. Rebaixam o Parlamento.

É a terceira CPI contra o MST. E todos os convênios destinados às áreas de reforma agrária recebem rigorosa auditoria dos órgãos competentes, como o Tribunal de Contas da União (TCU). Lamentamos que tal rigor não seja aplicado à classe patronal e a ONGs tucanas.

A nova CPI tem por objetivo se contrapor à luta pela atualização dos índices de produtividade agrícola. Os atuais índices foram estabelecidos em 1975 e devem, pela Lei Federal 8.629, de 1993, ser atualizados. Exigimos que se cumpra a lei.
Estranho que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, não se junte a essa luta. Seria excelente vê-lo exigir que o governo atualize os índices de produtividade, como manda a lei.

A CPI está criada e isso nos possibilita uma ótima comunicação com a sociedade. Vamos potencializar essa oportunidade que nos deram. Vamos levar à sociedade todas as questões levantadas – e ocultadas — pela CPI.
Queremos ir além da versão filtrada pela grande mídia. Será uma ótima oportunidade para a sociedade saber quem realmente se apropria do dinheiro público e de terras griladas, como a fazenda da Cutrale, em São Paulo, e do Daniel Dantas, no Pará. E ver a atuação e interesse de cada parlamentar.

*Integrante da coordenação nacional do MST. Artigo publicado originalmente no jornal O Dia, em 2/11/2009.