Indígenas do Xingu entregam carta contra usina de Belo Monte ao Planalto
Do Cimi
Um grupo de indígenas da região do Xingu no Pará entregou, nesta sexta-feira (5/11), na Presidência da República, em Brasília, uma carta dos povos da região repudiando a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, e protestando contra o fato de os indígenas não terem sido consultados sobre o projeto.
A carta foi aprovada na Assembléia Indígena, que reuniu 14 povos da região do Xingu entre 28/10 e 2/11 na terra indígena Capoto, em Jarina, Mato Grosso. No evento, os indígenas discutiram os impactos negativos que a hidrelétrica de Belo Monte pode gerar para os povos indígenas. “Nós unimos nossa posição contra a barragem, pois vai diminuir os peixes, a caça.”, enfatizou o Kaiapó Yapariwa. Ele explica que os representantes do Governo Federal envolvidos com o empreendimento não foram à sua região explicar os possíveis impactos e ouvir a opinião dos indígenas. “Tem que ouvir, pois as pessoas pobres da região vão sofrer mais. O governo está falando de longe, sem ouvir a gente.”, completou.
No dia 1/11, durante o encontro dos povos do Xingu, os indígenas fizeram uma manifestação contra o parecer técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre a obra. A Funai considera o empreendimento viável, apesar de técnicos da própria entidade e especialistas de todo a país destacarem os efeitos negativos e irreversíveis que a construção pode trazer para os povos da região do Xingu. Os indígenas também protestaram contra o Ministro de Minas e Energia, Edson Leão, que afirmou serem “diabólicos” os que se posicionam contra a hidrelétrica.
A carta será entregue também na Casa Civil e nos Ministérios das Minas e Energia, do Meio Ambiente e da Justiça, além de Ibama e Ministério Público Federal.
Mais debates
Nos dias 6 e 7/11, na ilha da Ressaca, região da volta grande do rio Xingu, outros grupos sociais que podem ser afetados pela hidrelétrica de Belo Monte discutirão os impactos da obra. Os ribeirinhos, pescadores, indígenas e camponeses serão ouvidos por Procuradores da República e pelos relatores para o Direto Humano ao Meio Ambiente da Plataforma DHESCA Marijane Lisboa e Guilherme Zagallo. Especialistas que apontam as falhas técnicas do projeto e os impactos a serem causados pela hidrelétrica também participarão do encontro.
Alguns dos principais problemas do projeto da hidrelétrica de Belo Monte foram apresentados na carta, encaminhada por Dom Erwin Krautler – bispo do Xingu e presidente do Cimi – ao presidente Lula.