Experiências atuais de cooperativas – REGIÃO NORDESTE
Pernambuco
Associação 21 de Novembro
A Associação 21 de Novembro, criada no Assentamento Frei Godinho, localizado no município de Gameleira, há alguns anos trava-se uma luta árdua para acabar com a monocultura da cana no local. O ciclo canavieiro, arraigado como uma prática cultural nos assentados, há muito apresentava-se como a única fonte de renda destas pessoas.
Pernambuco
Associação 21 de Novembro
A Associação 21 de Novembro, criada no Assentamento Frei Godinho, localizado no município de Gameleira, há alguns anos trava-se uma luta árdua para acabar com a monocultura da cana no local. O ciclo canavieiro, arraigado como uma prática cultural nos assentados, há muito apresentava-se como a única fonte de renda destas pessoas.
Mesmo depois de assentados, os trabalhadores rurais, cultivavam a cana, para os usineiros. As parcelas de terras, eram ocupadas com a monocultura da cana, pois os pequenos agricultores, acreditavam que não havia outras possibilidades de obter renda, a não ser com o cultivo da cana. Um dos primeiros trabalhos do MST no estado, especificamente, no agreste pernambucano, foi realizar um trabalho para tentar conscientizar os trabalhadores da inviabilidade da monocultura da cana.
Aos poucos, os trabalhadores rurais deixam a monocultura da cana, pois passam a entender o quão perverso é o ciclo canavieiro para o meio ambiente e para eles próprios. Gradativamente, as lavouras de cana são substituídas pela diversificação de culturas. Cerca de 50% das lavouras de cana já foram eliminadas do assentamento. Hoje, os trabalhadores rurais do assentamento encontram meios de sobrevivência com o plantio de coco, graviola, banana, ingá da base grande, mandioca (existem duas casas de farinha artesanais coletivas – a produção é apenas para o consumo interno), bem como, trabalham com a pecuária (criação de bovinos para a produção de leite e queijo).
O carro chefe do assentamento é a graviola. Atualmente, existe mais de 123 ha, de plantio da fruta (de forma coletiva). No período de safra, a produção semanal chega a alcançar 1.200 kilos. No período de entre-safra (entre os meses de dezembro e janeiro), a produção chega a casa de 4.000 kilos por semana. Cada kilo da fruta (comercializada em massa, apenas triturada e congelada) é vendida a R$0,39 para uma fábrica de polpa de frutas da prefeitura de Recife. As polpas de frutas, são distribuídas nas escolas municipais da região e fazem parte do cardápio da merenda escolar.
Existe ainda, uma produção em potencial, que logra obter bons resultados no ano de 2008, relativa a plantação de maracujá, manga, pitanga e caju.
Ceará
A produção nos assentamentos do estado varia de acordo com a região. Alguns produtos como farinha e derivados, castanha de caju estão presentes de ponta a ponta. Já outros como coco e peixe, são exclusivos da região litorânea.
Cooperativa de Produção Agropecuária da Lagoa do Mineiro COPAGLAM
O Assentamento Lagoa do Mineiro, localizado na zona rural da cidade de Itarema, é composto de 135 famílias assentadas e sete localidades: Barbosa, Corrente, Lagoa do Mineiro Velho, Córrego das Moças, Cedro e Sagüim. Grande parte das pessoas dessas localidades trabalham nas produções coletivas do Assentamento Lagoa Mineiro.
Destaca-se a produção de Coco (inatura), Farinha, Castanha de Caju e Mudas. O Assentamento possui uma área coletiva de mais de 10 há para o plantio de coco. A safra do coco, acontece de três em três meses (período da derruba). Estima-se que a Lagoa do Mineiro, produza por derruba, o equivalente da 10.000 kilos de coco de cada espécie. Os trabalhadores rurais desta região cultivam o “coco seco” (vendido para indústrias de derivados de coco – no ano de 2007 a COPAGLAM, repassou grande parte da produção de coco seco para a indústria DUCOCO) e o “coco anão, com água” (vendido em bares, lanchonetes e na feira livre – água de coco). O coco seco é vendido por kilo, a R$0,40. O coco anão, é vendido a R$0,20 a unidade.
Atualmente existem quatro casas de farinha coletiva industrializadas nas seguintes localidades: Barbosa, Córrego das Moças, Cedro e Mineiro Velho. Cada trabalhador em média produz de 60 a 80 sacos (de 50 kilos) de farinha por safra. De goma, retirada da massa da farinha, cada trabalhador produz cerca de 20 a 30 sacos (de 50 kilos).
A produção coletiva de farinha, por safra (anual), chega a 42 toneladas de farinha. Nos dois últimos anos, cerca de 12 toneladas, foram vendidas para a CONAB. O preço varia de R$0,20 a R$0,35. Segundo o presidente da associação, destas 30 toneladas que ficam no assentamento, a metade é para o consumo interno. A outra parte é levada para o mercado de Itarema – vendida em pequenas mercearias e na feira livre da cidade.
A produção de caju, é uma outra fonte de renda de suma importância. Atualmente, a COPAGLAM possui uma fábrica de beneficiamento e processamento da castanha de caju. A produção anual de castanha de caju é de 4 toneladas.
Do caju, a COPAGLAM possui ainda como fonte de renda o viveiro de mudas de caju. No ano de 2007, a cooperativa produziu mais de 30.000 mudas de cajueiro. Estas foram vendidas para o Estado do Sergipe, a R$1,00 cada unidade. A expectativa para o ano de 2008 é superar esta produção e iniciar o comércio de mudas com o governo e com outras cooperativas de assentamentos da reforma agrária no estado do Ceará.
Além destes produtos, a COPAGLAM conta ainda com a criação de gado bovino. O gado é vendido (para boiadeiros) para saldar dívidas da cooperativa. E em 2008, terá início o funcionamento da casa do mel, construída com recursos do Banco do Nordeste. Nesta foi investido, cerca de R$45.000,00.
Por fim, temos a produção para o consumo interno. Os assentados, produzem de tudo um pouco. Arroz, milho, feijão de corda e banana. Tem ainda, a criação de animais como galinha, porco e cabra. Isto sem, contar na produção pesqueira artesanal de peixes camarões e frutos do mar.