Justiça reconhece assassinato, mas absolve criminosos
Da Radioagência NP
Mesmo reconhecendo que Severino Lima da Silva e José Caetano da Silva participaram do assassinato do trabalhador rural Manuel Luiz da Silva, a Justiça da Paraíba absolveu os criminosos. O julgamento foi nesta terça-feira (2/12), feito em júri popular. O assassinato aconteceu em 1997, próximo ao acampamento na Fazenda Engenho Itaipu, em uma emboscada de capangas que, segundo os trabalhadores, estavam a mando de Alcides Vieira, ex-proprietário das terras.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) desaprovou a decisão judicial, acreditando que esta simboliza o atraso no campo da Paraíba. A coordenadora da CPT, Tânia Maria de Souza, comenta o ocorrido.
“A Justiça da Paraíba, com relação ao latifúndio e à Reforma Agrária, sempre age de forma contrária. Ela confirma que houve assassinato e vítimas, mas na hora de condenar, absolve. Isto foi um choque. Vivemos em uma terra onde o direito básico das pessoas é selecionado – uns tem direitos e outros não.”
O assassinato de Manuel Luiz da Silva não foi o único crime relacionado com o antigo proprietário da fazenda. Com esta decisão, a CPT acredita que haverá dificuldades de punições futuras aos mandatários de crimes rurais na região.
Durante o julgamento, centenas de trabalhadores rurais aguardavam o resultado em frente ao Fórum. Os trabalhadores carregavam 22 cruzes com nomes de agricultores assassinados no estado como forma de protesto à impunidade de crimes no campo.