Movimentos da Alba lançam campanha contra bases militares dos EUA na Colômbia
[img_assist|nid=8788|title=|desc=|link=none|align=left|width=479|height=640]Nesta quinta-feira (10/12), data em que se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos, os movimentos populares que integram a Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), as centrais sindicais e o movimento estudantil brasileiros iniciam a Mobilização Continental Contra as Bases Militares Estrangeiras e Práticas Antissindicais na America Latina e Caribe. O ato de lançamento da campanha acontece às 19h, no Sindicato dos Engenheiros, em São Paulo.
Antes mesmo do lançamento formal da iniciativa, na manhã de hoje, um ato em frente à embaixada da Colômbia marcou a primeira ação da mobilização. Os manifestantes entregaram ao embaixador colombiano no Brasil uma carta endereçada ao presidente Álvaro Uribe, por meio da qual denunciam as violações dos direitos humanos e repudiam a recente instalação de novas bases militares estadunidenses no país latino-americano.
Rasgando a declaração dos direitos humanos
Nos últimos tempos, a Colômbia vem sofrendo constantes práticas antissindicais. Nos últimos 23 anos foram assassinados 2.731 sindicalistas no país. Segundo informações da Central Unitária de Trabalhadores da Colômbia, entre janeiro de 1986 e dezembro de 2008 ocorreram 231 atentados, 4.200 ameaças, 161 sequestros, 1.478 vítimas de deslocamentos forçados, 193 desaparecidos, 73 casos de tortura e 43 capturas ilegais
Segundo o representante da Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Rubens Diniz, a instalação de bases militares em países estrangeiros somado a instalação da Quarta Frota é uma forma de intimidar governos anti-americanos. “Documentos oficiais do Pentágono expressam essa vontade principalmente pelo posicionamento de forças militares em locais estratégicos com grandes recursos naturais como a Amazônia e a navegação em águas do pré-sal”, salientou.
Leia a íntegra da carta escrita ao presidente da Colômbia:
Álvaro Uribe Vélez
Presidente da República da Colômbia
Carrera 8 n. 7-26 Palacio de Nariño, Santa Fé de Bogotá.
Senhor Presidente,
Mais uma vez, temos sidos informados a respeito das perseguições, violência e assassinatos que se exerce contra dirigentes e membros de organizações camponesas, estudantis e sindicais colombianas.
Segundo denúncias dessas entidades, os paramilitares atuam com total impunidade, amparados pela aberta omissão oficial e em conivência como os organismos de segurança do Estado.
Inumeráveis fatos foram denunciados pelos porta-vozes de organizações camponesas, indicando que, nos últimos anos, mais de 500 camponesas e camponeses foram assassinados e que cerca de 30 mil deles foram expulsos violentamente de suas terras.
Segundo informe das organizações sindicais, nos últimos 23 anos foram assassinados 2.731 sindicalistas e, somente neste ano de 2009, até o dia 26 de novembro, já se contam mais 38 execuções.
A situação de impunidade continua grave. Há preocupações tanto com o débil trabalho de investigação penal quanto com o de julgamento. Com respeito ao julgamento, os assassinatos cometidos de janeiro de 1986 a junho de 2008, reportavam 95% de impunidade. Esta porcentagem se manteve e em 30 de setembro de 2009, era de 95,6%.
As violações ao direito à vida, à liberdade e à integridade dos membros do movimento sindical deixam um panorama desolador de 98,3% de impunidade. A esse respeito, a Comissão de Especialistas, em seu informe de março de 2009, lamenta que “(…) o número de condenações continue a ser reduzido e que um grande número de investigações ainda esteja em etapa preliminar. Nestas condições, a Comissão pede ao Governo que continue tomando todas as medidas ao seu alcance, para levar adiante e agilizar todas as investigações relacionadas com os atos de violência contra o movimento sindical e expressa a firme esperança de que as medidas recentemente adotadas em relação à nomeação de novos fiscais e juízes permitam diminuir a situação de impunidade e alcançar o esclarecimento dos atos de violência cometidos contra os dirigentes sindicais e os afiliados, assim como a detenção dos responsáveis pelos mesmos.”
Segundo nos consta, o aumento da violência contra dirigentes dessas organizações também está relacionado com a presença de militares dos Estados Unidos em território colombiano que, em suas diversas missões, ameaçam e intimidam dirigentes e membros de organizações camponesas, estudantis e sindicais.
A América Latina é uma região de paz; suas diferenças internas devem ser resolvidas na base do diálogo entre seus membros. As tensões existentes na região são, em sua maioria, frutos de conflitos externos a ela. A presença de bases militares em nossa região representa uma grave ameaça à paz e à soberania dos países do continente.
Nós, organizações brasileiras, respaldamos as justas demandas das entidades colombianas e nos dirigimos ao seu governo para insistir que se busque reparar todas as violações à vida, à liberdade e à integridade de dirigentes e membros das organizações sociais colombianas.
À espera de uma resposta eficaz de sua parte, subscrevemos-nos.
São Paulo, 10 de Dezembro de 2009.
Assembléia Popular, Cebrapaz, CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Encontro Sindical Nossa América, Jubileu Brasil, MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens, MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, UNE – União Nacional dos Estudantes, UBES – União Brasileira de Estudantes Secundaristas, UJS – União da Juventude Socialista, Unegro, Conam – Confederação Nacional de Associação de Moradores, UBM – União Brasileira de Mulheres, Grito dos Excluídos/as Brasil, MMM – Marcha Mundial de Mulheres, SOF – Sempreviva Organização Feminista, UNEAFRO – União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora, Consulta Popular