COP15: entidades brasileiras divulgam alerta sobre Redd
Nesta quarta-feira (16/12), entidades da sociedade civil e movimentos sociais – entre eles, o MST – divulgaram carta em que questionam os rumos do programa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd).
“Vemos com muita preocupação a tendência à inclusão do mercado na agenda das negociações de Redd”, aponta o texto, subscrito por 14 entidades.
Leia abaixo o documento.
ALERTA SOBRE REDD NA COP 15
As negociações sobre Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd)) começam a caminhar para definições que poderão ter grandes repercussões sobre a vida das populações tradicionais que vivem nas florestas no Brasil e em outros países. No caso do Brasil, as negociações sobre Redd são cruciais já que grande parte das emissões do país é proveniente do desmatamento.
Vemos com muita preocupação a tendência à inclusão do mercado na agenda das negociações de Redd. Para serem efetivas no combate aos desmatamentos e para contribuírem para o reconhecimento dos direitos das populações tradicionais, as negociações da COP15 devem estar ancoradas centralmente no debate sobre compromissos e financiamentos públicos e dos governos, em vez de se transferirem para a esfera privada, que já se revelou um fracasso para a vida no planeta.
É muito preocupante o risco de inclusão do princípio da compensação, mesmo que atrelado a pequenas cotas e a baixos percentuais.Tal princípio, se incluído, eximiria os países do Norte de assumirem suas responsabilidades pelas emissões históricas e de cumprirem compromissos de redução de emissões compatíveis com estas responsabilidades.
Somos também explicitamente contrários à inclusão dos níveis sub-nacionais entre os atores das negociações e financiamentos de Redd. O nível federal deve ser o agente negociador e receptor de fundos, sendo ele o responsável pela alocação dos recursos de acordo com as prioridades políticas nacionais.
Em outubro de 2009, 50 organizações e movimentos sociais brasileiros subscreveram a Carta de Belém, em que afirmaram a necessidade de políticas e fundos públicos, voluntários e abrangentes, que reconheçam a contribuição que as populações tradicionais têm a dar no sentido da preservação e uso sustentável das florestas, e da convivência entre produção e preservação. Afirmando que a questão fundiária e o reconhecimento jurídico dos territórios dos povos e comunidades tradicionais são o principal desafio a ser enfrentado para um combate efetivo aos desmatamentos, a Carta de Belém rechaça os mecanismos de mercado e de compensação nas negociações de Redd.
ANA – Articulação Nacional de Agroecologia
AMB – Articulação de Mulheres Brasileiras
Comissão Quilombola do Sapê do Norte – Espírito Santo
CUT – Central Unica dos Trabalhadores
FASE – Solidariedade e Educação
FAOR – Fórum da Amazônia Oriental
INESC – Instituto de Estudos Sócio-Econômicos
Marcha Mundial das Mulheres
MAMA – Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia
MST – Movimento dos Sem Terra
REBRIP – Rede Brasileira Pela Integração dos Povos
Rede Brasileira de Justiça Ambiental
Rede Brasil Sobre Instituicoes Financeiras Multilaterais
Terra de Direitos