Em Minas Gerais, MST inicia lutas de 2010 com ações pelo estado
O mês de fevereiro começou quente em Minas Gerais. Afora a temperatura dos termômetros, o clima tem esquentado também nas lutas sociais.
Na última semana, rompeu-se mais uma cerca do latifúndio, com a ocupação da fazenda Santa Rosa , de 200 alqueires, em plena área urbana de Governador Valadares.
Nesta quarta-feira (10/2), o MST e a Via Campesina, juntamente com os estudantes do sétimo estágio de vivência de Minas Gerais, fizeram uma manifestação em Montes Claros. A passeata, de 350 pessoas, foi iniciada passeata no centro da cidade de Montes Claros, para protestar contra a destruição do Meio Ambiente e a Criminalização dos Movimentos Sociais, em apoio à Reforma Agrária e a uma política voltada à produção sustentável e a soberania alimentar.
A manifestação também teve o objetivo de se solidarizar com a população Montesclarense, denunciando o caos do transporte coletivo urbano e o descaso da prefeitura e das empresas de ônibus para com a população.
O ato começou às 9h, em frente à Sociedade Rural de Montes Claros, passou na CODEVASF e terminou em frente à Rede Globo/MOC.
O mote do protesto girou em torno de dialogar com a população a existência de dois modelos de agricultura em disputa: um que vem a favor da humanidade, da agricultura camponesa, destinado a produção de alimentos, respeitando o meio ambiente e as pessoas nele envolvidas; e outro contra a humanidade, que é o do agronegócio, que visa apenas o lucro da produção de riquezas para as transnacionais e os grandes latifundiários que desrespeitam o meio ambiente, a diversidade e a cultura.
Na esteira do debate de meio ambiente, coube também a defesa da Mata Seca, no sentido de preservar esse bioma específico da região do Norte de Minas, pela lei n° 6.660. Essa legislação possui várias concessões para os camponeses e não visa afetar a sua produção de alimentos. O grande prejuízo vem para os latifundiários, produtores de carvão que desmatam este bioma e não querem que aumente a área de preservação em seus latifúndios.
Na frente da CODEVASF, as palavras de ordem foram em protesto contra a destruição do meio ambiente e a disseminação da pobreza no campo. A CODEVASF é uma empresa estatal que executa políticas públicas para o desenvolvimento do semi-árido. Trabalha na mesma lógica de trazer benefícios para o grande capital, construindo barragens e canais de irrigação.
Na temática da criminalização, o alvo foi a Rede Globo. O ataque ao MST extrapola a luta pela Reforma Agrária. É um verdadeiro ataque contra os avanços democráticos, conquistados na constituição de 1988. Os manifestantes gritavam, em coro: “SOMOS TODOS SEM TERRA!”
A demonstração de apoio demarcava o sentimento de indignação de uma parcela da sociedade que não aguenta mais assistir a tanta mentira que tem como objetivo desmoralizar o movimento e a Reforma Agrária, preparando terreno para a perseguição político-jurídica no congresso através da CPMI da bancada ruralista.
Por fim, a ação dialogou com a população montesclarense quanto à situação de caos no transporte coletivo. Com a implantação do projeto de transporte público “Integração Temporal no Transporte Coletivo Urbano”, a sociedade de Montes Claros vem enfrentando dificuldades para utilizar os ônibus urbanos. A “Integração” mostra um grande desprezo com a população. As medidas adotadas pela prefeitura privilegiam os lucros das empresas, ao invés de garantir as melhorias para a população da cidade. Além disso, existe uma lei municipal que garante o meio-passe e não está sendo cumprida. Em 2009, quando os estudantes se manifestaram para lutar por seus direitos, a resposta que tiveram foi o aumento da passagem de R$ 1,55 para R$ 1,90.