Acampamento do MST é atacado pela milícia de ex-coronel
[img_assist|nid=9116|title=|desc=No canto esquerdo da foto, de camisa azul, o ex-coronel Copetti acompanha seus pistoleiros |link=none|align=left|width=640|height=492]Do Brasil de Fato
Por volta das 15h30 de sábado (13/2), o ex-coronel condenado há mais de 18 anos de prisão, Valdir Copetti Neves, tentou despejar à força as famílias acampadas na Fazenda São Francisco II, em Ponta Grossa (PR), que pertence a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A fazenda foi ocupada no dia 6 de fevereiro por aproximadamente 200 trabalhadores.
O conflito teve início quando o ex-coronel e capangas armados cercaram o acampamento. Em uma foto tirada por integrante do movimento, Copetti (de camiseta azul) aparece ao lado de um homem armado. Em resposta à ofensiva, os trabalhadores sem terra se organizaram para pressionar a saída dos invasores. Durante o confronto, Copetti tentou intimidar as famílias alegando ainda ser o “mandante” da força policial da região. Os trabalhadores do MST conseguiram manter o acampamento e expulsaram o grupo, mas logo em seguida Copetti retornou acompanhado da filha e de um número ainda maior de capangas que atiraram contra os trabalhadores, além de ameaçar com carros, avançando sobre as pessoas em alta velocidade.
[img_assist|nid=9117|title=|desc=Ferimento causado pelo disparo feito por soldado da PM|link=none|align=left|width=640|height=465]A Patrulha Rural Comunitária e o Batalhão da Polícia Militar de Ponta Grossa chegaram ao local pouco mais de 30 minutos depois do início do conflito. Policial-que-disparou-tiro-de-bala-de-borracha-contra——trabalhadorCom o discurso de amenizar a disputa, a polícia intermediou a negociação posicionando-se claramente favorável ao ex-coronel e agindo de forma violenta contra os integrantes do MST. Durante a negociação, o tenente Azevedo usou de postura grosseira para inibir os trabalhadores, exigindo conversar somente com representantes e impedindo os demais trabalhadores de se aproximarem. A posição dos policiais ficou explícita quando um deles, soldado Ronaldo, atirou com bala de borracha contra o trabalhador Davi.
[img_assist|nid=9118|title=|desc=Acima, o soldado Ronaldo, segundos após efetuar o disparo que feriu o trabalhador|link=none|align=left|width=640|height=467]A resistência dos trabalhadores sem terra resultou no fortalecimento da ocupação. Agora as famílias estão na maior parte da fazenda, enquanto o ex-coronel e seu grupo estão próximos da divisa com a Fazenda São Francisco I – área grilada por Copetti, que também pertence à Embrapa. A Polícia Militar permanece próxima do local onde ficou estabelecida a nova cerca. Para o MST, o caso da ocupação deve ser resolvido pela justiça, e não de forma violenta, como vem tentado o ex-coronel. A terra é já reivindicada pelo movimento desde 2004, e o processo de luta pela área resultou em três reintegrações de posse.
Ofensiva ruralista
Integrante-do-MST-atingido-por-policialDurante a semana passada o Sindicato Rural de Ponta Grossa, a Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e a União Democrática Ruralista (UDR) se reuniram para articular reação contra o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra em apoio ao ex-coronel.
Em dezembro de 2009, Valdir Copetti Neves foi condenado pela Justiça Federal a 18 anos e 8 meses de prisão, além da perda do posto na corporação e multa de R$ 20 mil. Os crimes pelos quais o ex-coronel deve pagar são o de formação de quadrilha, tráfico internacional de armas de fogo e de droga. Trabalhadores sem terra foram perseguidos e torturados pela milícia de Neves.