Jovens Sem Terra comemoram formatura na Bahia

Cerca de duas mil pessoas participarão da cerimônia de formatura dos jovens Sem Terra que acontece nesta quinta-feira (11/3). Cerca de 265 dos 348 formandos colarão grau no Museu de Ciência e Tecnologia da Uneb (Universidade do Estado da Bahia), no bairro do Imbuí, em Salvador. Conquistados pela luta dos movimentos sociais, os cursos aconteceram em diversas regiões da Bahia.

Cerca de duas mil pessoas participarão da cerimônia de formatura dos jovens Sem Terra que acontece nesta quinta-feira (11/3). Cerca de 265 dos 348 formandos colarão grau no Museu de Ciência e Tecnologia da Uneb (Universidade do Estado da Bahia), no bairro do Imbuí, em Salvador. Conquistados pela luta dos movimentos sociais, os cursos aconteceram em diversas regiões da Bahia.

O MST forma suas turmas de Pedagogia da Terra Jaci Rocha e Normal Médio Ojefesson Santos, ambas no Assentamento 1º de Abril, em Prado, além do curso de Técnico em Agropecuária (turma Josinei Hipólito), no assentamento Terravista, em Arataca.

O MLT (Movimento de Luta pela Terra), a Fatres (Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região do Sisal e Semi-árido da Bahia), o Ceta (Movimento dos Trabalhadores Assentados, Acampados e Quilombolas) e a Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) formam uma turma de Pedagogia em Bom Jesus da Lapa, uma de Magistério em Itaberaba e turmas de Técnico em Agropecuária em Barreiras, Serrinha, Irecê e Eunápolis.

A UNEB iniciou a parceria com o Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária) alfabetizando e oferecendo o ensino básico e médio aos integrantes dos movimentos sociais, em 1999. Em 2004, criou a primeira graduação especial, Pedagogia da Terra, iniciativa pioneira no Estado. Atualmente é a universidade que oferece a maior parte dos cursos ligados ao Pronera na Bahia, sendo responsável por todos os cursos superiores dos movimentos sociais.

Apesar de contarem com financiamento público, os cursos eles têm de ser debatidos e aprovados nos conselhos e instâncias das universidades, momento em que costumam surgir reações conservadoras. “Muitos acham que faculdade não é lugar de Sem Terra”, conta Adenilsa Monteiro, do Setor Estadual de Educação do MST. O bacharelado em Engenharia Agronômica conta hoje com duas turmas: uma em Arataca, ligada ao MST, e outra em Barreiras.

Parte das turmas do Pronera funcionam fora dos campi da Uneb, dentro dos próprios assentamentos. Além disso, contam com uma dinâmica especial: a alternância entre escola e comunidade, um diálogo entre o conhecimento científico, sistematizado, e os saberes populares oriundos da tradição oral e da experiência. A Pedagogia Sem Terra, desenvolvida através de uma prática militante, baseia-se, dentre outras fontes, na Pedagogia da Alternância de Paulo Freire. Os estudantes passam cerca de 30% de seus cursos no tempo comunidade, aplicando na prática o que aprenderam no tempo-escola. “Os sujeitos se educam em diversos espaços, não só na sala de aula”, explica Adenilsa.

Para os formandos, novas expectativas. Alguns já foram aprovados em novos vestibulares, outros continuam semeando conhecimento em suas áreas. “Só tínhamos educadores de fora, agora temos uma geração de educadoras e educadores da própria comunidade. Isto é muito importante para os nossos jovens” explica Núbia Silva, do movimento FATRES. “Também ganhamos com a qualificação das lideranças dos movimentos, formando novos quadros”, complementa. Adenilsa aponta os impactos a médio prazo: “A formação destes jovens terá um grande impacto em suas comunidades, mostrando a todos que é possível alcançar seus objetivos com organização e luta coletiva. Essas conquistas, afinal, são de todos nós!”, completa.