Sem Terra se formam em Magistério da Terra no Ceará
Mais de 100 estudantes, filhos e filhas de assentados da Reforma Agrária, recebem nesta quinta-feira (18/3) o certificado de conclusão de curso de Magistério da Terra, a partir das 18h, na Universidade Estadual do Ceará (campus de Itaperi). O curso teve início em março de 2006 e é resultado de uma parceria com o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 10% dos brasileiros não sabem ler nem escrever. As diferenças entre as regiões brasileiras também têm reflexo nas taxas de analfabetismo, avalia o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas). Enquanto no Sul do país o percentual de analfabetos é pouco mais da metade da taxa brasileira, atingindo 5,4% da população, no Nordeste o índice é quase o dobro da média, 19,9%. A constatação está no estudo do IPEA divulgado em 11/2009.
No Ceará, a realidade não é diferente: a maioria dos assentamentos ainda não tem escolas, principalmente de Nível Médio. Os jovens e as crianças precisam se deslocar de caminhão para as cidades mais próximas, muitas delas distantes cerca de 40 quilômetros.
Na última ocupação do MST no palácio Iracema, sede do governo estadual, o governador Cid Gomes se comprometeu a construir 11 grandes escolas do campo nas áreas de assentamentos de Reforma Agrária. Destas, quatro estão em fase de conclusão, mas as demais ainda não têm projeto pronto. O MST cobra o compromisso assumido pelo governador.
Desde 1998, o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) financia cursos voltados para assentados e assentadas da Reforma Agrária. Além de cursos de graduação, o programa também financia a educação de jovens acima de 15 anos. Estima-se que mais de 100 mil jovens do campo já tenham feito cursos de Nível Médio ou Superior via Pronera.
“Os jovens do campo lutam hoje para que o programa passe a ser uma política pública e não fique à mercê de governos que não têm compromisso com o povo brasileiro”, afirma Marcelo Matos, militante do MST no Ceará.
No estado, já foram alfabetizados mais de quatro mil trabalhadores e trabalhadoras das áreas de assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária. Já se formaram em Pedagogia mais de 100 estudantes que hoje atuam nas escolas dos assentamentos. Atualmente, o MST trabalha com o método cubano “Sim, eu posso”, com mais de 130 turmas em todo estado.