Pesquisador dos EUA lança livro sobre o MST em Porto Alegre
O cientista político e professor da American University, em Washington (Estados Unidos), Miguel Carter, lançou nesta segunda-feira (5/4), em Porto Alegre (RS), o livro “Combatendo a Desigualdade Social: o MST e a Reforma Agrária no Brasil”. A atividade aconteceu no Plenarinho da Assembleia Legislativa do RS e contou com a presença de integrantes de movimentos sociais, pastorais, organizações da juventude e demais militantes e interessados em geral.
O pesquisador apresentou o livro aos participantes, falando sobre cada artigo. Também explicou sua ligação com os camponeses, desde o nascimento no interior do México, passando pela convivência com parentes do Uruguai até sua morada no Paraguai, o que o teria estimulado a estudar e acompanhar o MST e a luta pela Reforma Agrária no Brasil. Carter já visitou diversos acampamentos e assentamentos no RS e em outros estados do país.
Os textos, segundo o pesquisador, contam e analisam a formação do MST, a luta pela Reforma Agrária e a construção de um novo modelo de agricultura, mas também mostram que eles são formas de combater a desigualdade social e a pobreza e de alterar o contexto do campo. “Ao contrário do que acontece no Brasil, em que o questionamento do modelo de produção vem dos movimentos sociais do campo, na Europa isso acontece por meio da organização dos consumidores das cidades, que não querem querer este tipo de comida”.
O papel do pesquisador
Carter afirmou ter preocupação com afirmações de intelectuais, entre eles o professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Zander Navarro, de que a existência do MST não tem mais sentido. “Esse tipo de análise é fraca porque não parte da compreensão que os camponeses têm da sua própria realidade”, afirmou.
O integrante da Via Campesina Frei Sérgio Görgen, que participou da mesa de lançamento, problematizou a questão da neutralidade na academia e disse que o pesquisador faz uma opção pela ética. No caso de Carter, disse, foi uma opção de defesa dos excluídos, diferentemente de vários outros acadêmicos. “Uma coisa que Zander Navarro nunca reconheceu em nós foi que os camponeses são capazes de produzir estratégia. O MST é o maior fenômeno civilizatório do Brasil criado com objetivos. Se o movimento muda certas condições da história, obviamente ele tem que se recriar”, afirmou.
Também participaram da mesa de lançamento o procurador aposentado Jacques Alfonsin, o deputado estadual Dionilso Marcon e a CPT (Comissão Pastoral da Terra). No RS, o livro pode ser comprado, com preço abaixo do vendido nas livrarias, com a CPT.
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Foto: Eduardo Seidl/Sul21.com.br