Famílias camponesas correm risco de despejo em Alagoas
Vinte e oito famílias terão que sair da Fazenda Boa Esperança, mesmo a área sendo improdutiva e apresentar várias irregularidades como dívidas bancárias, intimidações e crime ambiental.
As 28 famílias camponesas que estão acampadas há dois anos na Fazenda Boa Esperança em Major Isidoro, e que recebem o apoio da Comissão Pastoral da Terra de Alagoas passarão por mais uma provação de resistência e luta para garantir seus direitos. O juiz agrário Ayrton Tenório, determinou para esta terça-feira (13/4), às 8h, a reintegração de posse da propriedade rural que pertence ao Deputado Federal, Benedito de Lira (PP/AL), e que possui inúmeras irregularidades.
Nos dias 17 e 18 de março, durante as audiências na Vara Agrária, foi firmado um acordo que garantia a saída de forma pacífica das famílias camponesas mediante os seguintes itens: o Incra-AL tinha que garantir uma nova área no município de Major Isidoro; a indenização por parte do proprietário da lavoura plantada; a liberação de um trator para arar as terras da fazenda indicada como alternativa; a liberação de 15 tubos de lona para erguer um novo acampamento e construir estrutura de proteção para os animais.
O Ouvidor Agrário Nacional, Drº Gercino Filho, determinou que até o dia 10 de abril fosse executada a vistoria da Fazenda São Félix e a efetivação dos valores para a venda das terras para a Reforma Agrária. O Incra não cumpriu o acordo e as deliberações, e agora, as famílias estão sendo pressionadas a deixar o local sem a garantia de exercer suas atividades agropecuárias.
Cerca de 80 homens da Polícia Militar de Alagoas já foram deslocados para o município de Batalha e estão preparados para promover o despejo das famílias, inclusive, com uso de violência. A coordenação da CPT-AL articulou sindicatos, religiosos para se deslocarem até à fazenda com a intenção de garantir o apoio necessário, a integridade física e moral dos agricultores, que irão resistir na área.
Fazenda Boa Esperança
A Fazenda Boa Esperança possui 475 hectares, passou 10 anos em estado de abandono tem dívidas no Banco do Nordeste.
Atualmente, as famílias estão plantando milho, fava, feijão, palma, tomate, alface, cebola e coentro; também possuem uma pequena criação de ovelha, cabra, porco e galinha. Desde outubro de 2009, as famílias receberam várias ameaças para saírem do local.