Sem Terra ocupam Itesp em Itapeva
Na manhã desta terça-feira (13/4), cerca de 100 trabalhadores rurais acampados e assentados ocuparam a sede regional do Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo), em Itapeva.
Diante da paralisação da Reforma Agrária em todo o país, as famílias se mobilizam na Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária e exigem: o assentamento das 90 mil famílias acampadas do MST; a atualização dos índices de produtividade; garantia de recursos para as desapropriações, dos processos já prontos e das áreas para assentar as famílias acampadas; investimentos públicos nos assentamentos (crédito para produção, habitação rural, educação e saúde).
Os trabalhadores e trabalhadoras acampados e assentados no sudoeste do Estado de São Paulo ocuparam o Itesp por ser este o principal órgão responsável pela Reforma Agrária na região (uma vez que há várias áreas públicas pertencentes ao estado). Os manifestantes entregarão aos responsáveis do Instituto uma pauta de reivindicações. Nela estão listados os pontos considerados fundamentais para garantir melhores condições de vida às famílias. Entre os pontos estão:
• Assentamento imediato das famílias acampadas nos Acampamentos 8 de Março e 17 de abril (fazendas Lageado e Can-Can);
• Vistoria de terras e destinação a Reforma Agrária;
• Infra-estrutura nos assentamentos da fazenda Pirituba (conservação e construção de bacias de contenção nas estradas, saneamento básico, iluminação etc.);
• Assistência técnica;
• Escolas;
• Arrecadação de terras (lote 161) para completar o módulo de terra no assentamento emergencial Chico Mendes (Área VI). Formalizar o assentamento que está há 10 anos em condição de emergencial.
A Jornada Nacional de Nacional de Lutas é realizada em memória dos 19 companheiros assassinados no Massacre de Eldorado de Carajás, durante operação da Polícia Militar, no município de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996. O dia 17 de abril, data do massacre que teve repercussão internacional, tornou-se o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.
Depois de 14 anos, o país ainda não resolveu os problemas dos pobres do campo, que continuam sendo alvo da violência dos fazendeiros e da impunidade da justiça. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), foram assassinados 1.546 trabalhadores rurais entre 1985 e 2009. Em 2009, foram 25 mortos pelo latifúndio. Do total de conflitos, só 85 foram julgadas até hoje, tendo sido condenados 71 executores dos crimes e absolvidos 49 e condenados somente 19 mandantes, dos quais nenhum se encontra preso.