Sem Terra de Pernambuco ocupam mais três latifúndios

Famílias de trabalhadores rurais Sem Terra ocuparam mais três latifúndios em Pernambuco na manhã desta quarta-feira (14/4). Com as ocupações de hoje, chegam a 19 as ações da Jornada Nacional de Lutas do MST em Pernambuco, iniciada no último dia 11 de abril. No município de Arcoverde, 140 famílias ocuparam a FAZENDA DA GRANJA, de 950 hectares. A polícia chegou a rondar o acampamento logo após a ocupação, mas até agora não foi registrado conflito.

Famílias de trabalhadores rurais Sem Terra ocuparam mais três latifúndios em Pernambuco na manhã desta quarta-feira (14/4). Com as ocupações de hoje, chegam a 19 as ações da Jornada Nacional de Lutas do MST em Pernambuco, iniciada no último dia 11 de abril.

No município de Arcoverde, 140 famílias ocuparam a FAZENDA DA GRANJA, de 950 hectares. A polícia chegou a rondar o acampamento logo após a ocupação, mas até agora não foi registrado conflito.

No agreste do Estado, o Engenho Camaçari foi ocupado por cerca de 100 famílias. O engenho, pertencente à usina Nossa Senhora do Carmo, fica no município de Pombos e já foi vistoriado pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e considerado como latifúndio improdutivo, desde 2002. Outros dois engenhos da mesma usina também possuem decreto de desapropriação para fins de Reforma Agrária desde a mesma época, mas até hoje nenhum deles foi efetivamente desapropriado.

O Engenho Manguinhos, no município de São José da Coroa Grande, foi mais uma vez ocupado pelas 100 famílias que já ocuparam a área por diversas vezes. Durante uma dessas ocupações, em 2004, o Sem Terra Josuel Fernandes da Silva foi assassinado por seguranças do Engenho. O engenho Manguinhos fazia parte da Usina Central de Barreiros, que faliu em 1988, deixando centenas de camponeses e camponesas sem receber direitos trabalhistas. O engenho tem cerca de 1.800 hectares.

O MST reivindica a área desde 1998, junto com moradores não indenizados com a falência da usina.

Ocupações denunciam trabalho escravo, dívidas das usinas com a União e extrema pobreza no campo pernambucano

As ocupações da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária reafirmam a necessidade urgente da Reforma Agrária para a melhoria das condições de vida do povo do campo e da cidade e denunciam a situação de desigualdade e opressão gerada pelo modelo do latifúndio e da monocultura em Pernambuco.

Relação concentração de terra e pobreza

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Manaria possui o menor IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) do Brasil. A renda per capita média é de R$ 30,43 mensais e na prática, quase não existem fontes primárias de renda. A maior parte da população de 13 mil habitantes sobrevive, principalmente, de três recursos: lavoura de subsistência, assistência governamental e aposentadorias.

Apesar disso, a grande maioria da população que vive da lavoura de subsistência é obrigada a pagar arrendo da terra, trabalhando em parcelas de grandes latifúndios. Nunca, na história de Manari, nenhuma
área foi desapropriada para Reforma Agrária, o que comprova a relação concentração de terra e pobreza.

A ocupação realizada ontem (13/4) na FAZENDA LAGOA DAS VACAS, no município de Manari, denuncia a extrema pobreza em que vivem os moradores daquele município, considerado o mais pobre do Brasil, e a relação dessa situação com a concentração da terra e a falta de Reforma Agrária.

Relação Monocultivo de Cana e Trabalho Escravo

Na medida em que aumentaram os investimentos públicos para o setor sucroalcooleiro e que avançou a produção da cana-de-açúcar, cresceram também os números de trabalho análogo à escravidão. Nos últimos anos, Pernambuco destacou-se entre os estados em que mais foram encontrados trabalhadores em situação de escravidão nos canaviais. Só no ano de 2009 foram 369 trabalhadores libertados dos canaviais no estado, segundo dados da CPT.

Na ocupação do Engenho Pará, no município de Ferreiro, Zona da Mata Norte, os Sem Terra encontraram trabalhadores vivendo em condições análogas à escravidão dentro do Engenho. Segundo os moradores do Engenho, este faliu a mais de 20 anos e as famílias foram deixadas à sua própria sorte, sem receber qualquer direito trabalhista ou indenização. Hoje, são obrigados a plantar cana e entregar a produção ao dono do Engenho, como pagamento pelo “arrendo” da terra onde moram e onde, na entressafra da cana, plantam inhame para sobreviver.

Na semana que vem, os trabalhadores farão uma denúncia oficial ao Ministério do Trabalho.

Balanço geral das ações em Pernambuco

TOTAL: 19 OCUPAÇÕES
2.520 FAMILIAS

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