Jornada: MST ocupa latifúndio urbano em Fortaleza
Mais de 600 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Conselhos Populares ocuparam, na manhã desta quinta-feira (15/4), o Sítio São Jorge, uma fazenda de 800 hectares localizada entre a Avenida Perimetral e a Avenida I, no bairro José Walter, em Fortaleza. “É um latifúndio urbano que pertence a uma família ligada ao capital imobiliário e que continua sem produzir nada, enquanto mais de 150 mil pessoas, entre elas muitas vindas do interior, não têm onde morar nesta cidade”, Marcelo Matos, do setor de comunicação do MST no estado.
Essa é a primeira ocupação do MST-CE em área urbana, e se trata de uma experiência recente no país. Em Belo Horizonte (MG), por exemplo, a ocupação urbana do MST transformou-se em uma comuna, com espaços de produção e de lazer construídos e vivenciados coletivamente .
A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária do movimento , que ocorre, desde 1997, no mês de abril, em memória ao massacre de Eldorado dos Carajás.
No Ceará, outra ações estão ocorrendo, como é o caso da ocupação, por 100 famílias, da fazenda Currais Novos, em Madalena, também nesta quinta-feira (15/4) e da ocupação, por 200 assentados, da prefeitura de Itapiúna, no norte cearense.
As ações buscam pressionar o governo e a sociedade para que a Reforma Agrária seja efetivamente implementada, pois avalia-se que, após 14 anos do massacre, o país ainda não resolveu os problemas sociais no campo, vide a recorrente ocorrência de conflitos. Só em 2009, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, 25 trabalhadores rurais foram mortos. Por outro lado, cresce a ofensiva contra os movimentos sociais.
O MST é alvo dessa criminalização, por isso a Jornada de Lutas deste ano levanta a bandeira da campanha “Lutar não é crime” e traz à tona as seguintes reivindicações:
1- Assentamento das 90 mil famílias acampadas do MST;
2- A atualização dos índices de produtividade;
3- Garantia de recursos para as desapropriações, dos processos já prontos e das áreas para assentar as famílias acampadas;
4- Investimentos públicos nos assentamentos (crédito para produção, habitação rural, educação e saúde).