Dossiê dos impactos e violações da Vale no mundo é lançado no RJ
Por Gustavo Mehl, da Justiça Global
Nesta quinta-feira (15/4), a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) recebeu mais de cem ativistas dos cinco continentes. Em audiência pública lotada, foi lançado o “Dossiê dos impactos e violações da Vale no Mundo”. A ação faz parte do I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, que ocorre no Rio de Janeiro desde segunda-feira (12/4). Sentados nas cadeiras, no chão e do lado externo, os participantes ouviram denúncias contra a empresa, por parte de trabalhadores de diversos países. Canadá, Nova Caledônia, Peru e Moçambique, por exemplo, intercalaram denúncias com as caravanas de estados brasileiros.
“Eles roubaram nossa terra, lançaram veneno em nosso ar, e poluíram nossa água”, protestou James Wester, do Canadá. O país trouxe uma delegação para o encontro. No Canadá, três unidades da Vale-Inco estão em greve, duas delas há nove meses completados essa semana. “Moçambique é um país que precisa muito de desenvolvimento. A Vale chega prometendo um monte de coisa. A população aceita muito fácil. Eles nao cumpriram nada, não pagaram pela terra, e estão hoje presentes em todo o estado moçambicano”, disse Jeremias, trabalhador da Vale Moçambique.
“Não sei se vocês dimensionam o que está acontecendo aqui. O imperialismo brasileiro está nascendo. As empresas brasileiras se voltam para explorar força de trabalho em outros países”, afirmou a professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Virginia Fontes. Para Virgínia, a teoria geopolítica de Ruy Mauro Marini, que nos anos 1970 falava do subimperialismo brasileiro, não cabe mais no contexto atual. Agora, mesmo priorizando produtos primários, o Brasil já participa do controle hegemônico capitalista.
“O Estado brasileiro tem seu papel, um jeito novo, muito sutil, de manter as privatizações. O grande financiador de fusões e incorporações no Brasil é o BNDES. No último ano, o país foi onde mais se teve fusões no mundo, 25% do total”, disse o deputado federal Chico Alencar (PSOL/RJ). Também esteve presente os deputados estaduais Paulo Ramos (PDT/RJ) e Marcelo Freixo (PSOL/RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, que coordenou a mesa.
Após a audiência, os manifestantes seguiram a pé até a sede da Vale. Os 150 ativistas que vieram ao Rio de Janeiro, sede da empresa, somaram-se a outros militantes e, em fila, marcharam pelo Centro da cidade. Em frente à Vale, um bolo foi cortado e servido a funcionários da empresa, representando, simbolicamente, os nove meses de greve dos canadenses. Discursos inflamados seguiram-se por toda parte. A direção da empresa não se manifestou.
Leia e baixe o dossiê no arquivo anexo.