CPT manifesta solidariedade à ocupação da Fazenda Sítio em MG

Da Comunicação CPT Os participantes do III Congresso Nacional da CPT vêm manifestar seu apoio e solidariedade às cerca de 100 famílias de sem-terra do MST que, no dia 15 de maio último, ocuparam a Fazenda Sítio, no município de Bocaiúva, Minas Gerais, de propriedade de Luciano Alckmin, e às famílias remanescentes de quilombos que lá residem. Com mais de 3.500 hectares, improdutiva e sem cumprir sua função social, a Fazenda foi um presente da Família Matarazzo à família Alckmin. Ao entrar na fazenda o MST se deparou

Da Comunicação CPT

Os participantes do III Congresso Nacional da CPT vêm manifestar seu apoio e solidariedade às cerca de 100 famílias de sem-terra do MST que, no dia 15 de maio último, ocuparam a Fazenda Sítio, no município de Bocaiúva, Minas Gerais, de propriedade de Luciano Alckmin, e às famílias
remanescentes de quilombos que lá residem.

Com mais de 3.500 hectares, improdutiva e sem cumprir sua função social, a Fazenda foi um presente da Família Matarazzo à família Alckmin. Ao entrar na fazenda o MST se deparou
com nove famílias remanescente de quilombos, entre as quais trabalhadores que estão há quatro meses com salários atrasados e apenas dois têm carteira assinada.

Esta é uma das primeiras fazendas onde se instalou o regime de escravidão na Região Norte de Minas, foi um dos primeiros engenhos da região.

Na sede da Fazenda ha um casarão abandonado e resquícios de senzalas, com tronco para torturar e prender escravos, um verdadeiro pelourinho no meio dos Gerais das Minas Gerais. É um patrimônio histórico, que mostra como eram tratados irmãos nossos submetidos ao regime da escravidão.

O proprietário Luciano Alckmin é filho de José Maria Alckmin, que foi um dos articuladores do golpe militar de 1964 e vice-presidente do Marechal Humberto Castelo Branco, primeiro presidente da ditadura militar.

Esta terra que estava seqüestrada por mãos cúmplices da escravidão, da ditadura militar e do grande capital que tanto oprimiram o povo, agora está sendo resgatada pelos por aqueles que são os verdadeiros filhos da terra, trabalhadores rurais sem-terra e quilombolas, em nova relação entre si e com a terra.

Conclamamos as pessoas e a sociedade, comprometidas com a luta por justiça social e pela construção de uma sociedade sustentável, a apoiar e solidarizar-se com essa luta. A fazenda Sítio, palco onde já jorrou muito sangue do povo negro, será transformada em um território que resgate e respeite os direitos dos quilombolas e de tantos desterrados, com agricultura familiar agroecológica, onde se desenvolvam relações de solidariedade entre as famílias, e se viva em harmonia com a natureza.

A união dos sem-terra de ontem (negros pós-abolição) e de hoje sinaliza o único futuro descente para este país.

Montes Claros, 21 de maio de 2010.

Os participantes do III Congresso Nacional da CPT