Jornalistas demonstram que comunicação é essencial para a ação política
Por Najla Passos
ANDES-SN
O investimento em comunicação é essencial para que os movimentos sociais estimulem a ação política e disputem a hegemonia com os representantes do grande capital. Esta foi a principal conclusão a que chegaram os participantes do III Encontro Nacional de Comunicação do ANDES-SN que acompanharam a mesa “Os movimentos sociais e suas assessorias de comunicação”, no dia 22/5, em Brasília (DF).
Na mesa, representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos – SindMetalSJC, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra – MST e da Conlutas comprovaram que, apesar das dificuldades financeiras e do bloqueio da mídia convencional aos assuntos relativos às lutas populares, é possível desenvolver instrumentos de comunicação capazes de contar a história e narrar os acontecimentos a partir da perspectiva dos trabalhadores.
MST investe em várias frentes
A jornalista Maria Mello, que atua na assessoria de imprensa do MST há 5 anos, comprovou a importância que o maior movimento social brasileiro dá à comunicação, ao elencar a variedade de publicações e iniciativas tomadas pelo movimento para informar toda a sociedade sobre suas ações e propósitos, em contraposição permanente à campanha difamatória veiculada pelos veículos convencionais.
“O Jornal Sem-Terra está completando 29 anos de veiculação ininterrupta. É o mais antigo entre os movimentos sociais brasileiros e o consideramos de extrema importância para a nossa luta”, afirmou.
Segundo a jornalista, o Movimento acredita que, para se comunicar bem e com toda a sociedade, precisa investir em vários tipos de mídia, com linguagens específicas para cada público.
Por isso, em 1995, criou também a Revista Sem-Terra, bimestral, com tiragem de 10 mil exemplares, que é o veículo utilizado para comunicar com a sociedade urbana, a comunidade acadêmica, os intelectuais.
Na mesma época, o movimento criou também uma página na internet e investiu na implantação de rádios comunitárias nos assentamentos. Hoje, o movimento conta com uma Agência de Notícias para rádio que produz cerca de seis boletins diários, distribuídos para rádios populares e comunitárias de todo o país.
Maria Mello acrescenta que o MST produz ainda o Boletim Eletrônico Letra Viva, enviado para mais de 100 mil e-mails, e investe em novas mídias, como o twitter, na qual já possui mais de 4,7 mil seguidores. Seu principal veículo, entretanto, é a página eletrônica, que obtém uma média de acesso de 7 mil visitas por dia.
Desde 2001, o MST promove cursos de formação em comunicação popular. O movimento também apóia iniciativas populares de imprensa alternativa, como o Jornal Brasil de Fato. Este ano, já inaugurou, no Rio de Janeiro e Brasília, a rede de jornalistas apoiadores da Reforma Agrária, que edita um blog sobre o tema.
Experiência metalúrgica
O jornalista Rodrigo Correia, do SindMetalSJC, também apresentou alguns produtos desenvolvidos pelo Sindicato em que trabalha, demonstrando a importância que os metalúrgicos dão à comunicação como principal ferramenta de disputa de hegemonia. O jornalista apresentou o mais tradicional veículo do SindMetal SJC: o Jornal do Metalúrgicos, de tiragem semanal, com 22 mil exemplares cada uma, que já se encontra na edição 910.
Ele mostrou também o jornal O Metalúrgico em Família, com tiragem de 19 mil exemplares, criado para atingir um público ainda mais amplo, a partir de uma leitura diferenciada das notícias da grande mídia sobre novas tecnologias, cultura, espetáculos e até esportes. Mostrou ainda a página eletrônica do sindicato, em processo de reformulação. “Nossa página é muito antiga e já está ultrapassada”, explicou.
De acordo com Rodrigo, o sindicato, que possui uma equipe de cinco jornalistas, investe também na produção de clipping diário, assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia, além da edição de jornais e boletins específicos. Mais recentemente, criou também um núcleo de produção audiovisual, que cuida da produção de vídeos diversos, reproduzidos e enviados diretamente para a casa dos sindicalizados. “É uma mídia poderosa e com baixo custo de reprodução”, registrou.
O jornalista, que acompanhou a viagem recente da delegação de trabalhadores brasileiros ao Haiti, ainda ressaltou a valorização da sua categoria como ponto fundamental para o sucesso de qualquer política de comunicação sindical.
Desafio da Conlutas
A jornalista da Conlutas, Cláudia Costa, também apresentou os produtos de comunicação desenvolvidos pela Central, com especial destaque para o site, e conclamou os presentes a participarem do desafio de construir um projeto de comunicação eficiente para a central sindical e popular, que abarca as mais diferentes categorias de trabalhadores e deve crescer ainda mais, após a realização do congresso da Classe Trabalhadora, nos dias 5 e 6/6.
“Temos que encontrar um padrão de linguagem que informe o professor doutor da base do ANDES-SN e o operário da construção civil, o estudante e o sem-teto. Temos consciência de que o site deve ser o principal instrumento para termos agilidade em responder aos fatos. Não temos a pretensão de trabalhar com furos jornalísticos, mas queremos dar as respostas à conjuntura em tempo hábil de mobilizar as categorias que fazem parte da Conlutas”.