Método “Sim! Eu Posso!” de alfabetização é lançado em AL
Rafael Soriano,
da página do MST
Com uma cerimônia no Palácio do Governo de Alagoas, na manhã de hoje (22/7), o MST recebe cem kits de multimídia (televisão e aparelho de DVD), para dar início às turmas do método cubano de alfabetização “Sim! Eu Posso!”. A cerimônia de entrega dos kits conta com a presença de representantes do Governo e da Secretaria de Educação e Esporte de Alagoas, além de militantes das diversas áreas de assentamento e acampamento de todo o Estado.
O método “Sim! Eu Posso!” teve início no Brasil em 2006, em parceria com prefeituras do Piauí. Desde 2007 até hoje, o MST expandiu a oferta de alfabetização do método para mais de dez estados brasileiros, entre eles Pará, Pernambuco, Sergipe, Paraná, entre outros. Agora, em Alagoas, com suas 65 vídeo-aulas, cartilha do educando e manual do educador, o “Sim! Eu Posso!” pretende alfabetizar 1500 pessoas em 24 municípios do estado.
Ao todo, em Alagoas, são setenta turmas aguardando os equipamentos para dar início às aulas. A partir do método, os educadores se propõem a alfabetizar turmas de até no máximo 15 educandos, em uma média de sete a 13 semanas de aplicação. Tudo isso apoiado no uso das novas tecnologias, com o uso do método de “numerar letras” e ensinar a escrever.
A preparação das equipes de alfabetizadores aconteceu em quatro etapas macrorregionais durante o primeiro semestre 2010. Todo o planejamento partiu de um diagnóstico da situação do analfabetismo em cada assentamento e acampamento de Reforma Agrária coordenado pelo MST.
A luta pela aplicação do método no estado é travada pelo movimento agrário desde 2008, quando o primeiro foco de alfabetização cubano se desenvolveu em Delmiro Gouveia, região do Sertão, com o apoio estrutural da prefeitura na época. Desde lá, a pauta de estruturação das salas de aula foi negociada com o governo e, após muitas mobilizações do MST, no interior e na capital, transformou-se numa conquistada dos camponeses.
Cuba propaga pela América Latina luta contra o analfabetismo
O cubano Ricardo Morales, assessor do MST na aplicação do método em Alagoas, afirma que é uma grande responsabilidade monitorar o desenvolvimento dos trabalhos. “Trabalhamos na capacitação prévia das equipes de educadores, que inclusive não precisam ser educadores formais, apenas estarem dispostos a multiplicar. Além disso, acompanho os resultados de cada área onde atuamos”, informou sobre o trabalho no método.
Desde 1999, o método cubano, criado pelo Instituto Pedagógico Latino Americano e Caribenho (Iplac), está em execução em mais 29 países além do Brasil e já transformou quatro deles em territórios livres do analfabetismo: Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador.
Morales explica que Cuba erradicou o analfabetismo dois anos depois da Revolução Socialista, já em 1961. Na década de 1990, com os crescentes índices de analfabetismo na América, um grupo de educadores do Iplac idealizou um método, aplicado no Haiti. Naquele momento, o rádio era usado como suporte das aulas. Daí em diante, com a popularização do DVD, o método foi desenvolvido para televisão e migrou para todo o continente latino americano.
É comum ao regime cubano a chamada “exportação de solidariedade”, como o exemplo da operação “Milagros”, na qual médicos cubanos realizam, em várias comunidades pelo continente, cirurgias de catarata.