Atingidos pela seca e enxurrada
por Jerônimo do Nascimento, presidente da CUT-CE
O próximo domingo, dia 25 de julho, é dedicado à luta e dignidade de milhares de brasileiros que produzem o alimento que é diariamente consumido nas mesas de todo País. Trabalhadores e trabalhadoras rurais têm uma data para comemorar e fortalecer suas lutas, lembrar a necessidade da Reforma Agrária, de uma política agrícola diversificada, com o fortalecimento da agricultura familiar.
por Jerônimo do Nascimento, presidente da CUT-CE
O próximo domingo, dia 25 de julho, é dedicado à luta e dignidade de milhares de brasileiros que produzem o alimento que é diariamente consumido nas mesas de todo País. Trabalhadores e trabalhadoras rurais têm uma data para comemorar e fortalecer suas lutas, lembrar a necessidade da Reforma Agrária, de uma política agrícola diversificada, com o fortalecimento da agricultura familiar.
A importância desse segmento é reconhecida em números. Dados do último censo agrário do IBGE apontam a agricultura familiar como o setor que mais emprega: quase 75% da mão-de-obra do campo, gerando renda e evitando o êxodo rural. Também é o setor responsável pela segurança alimentar dos brasileiros, produzindo 70% do feijão, 87% da mandioca e 58% do leite consumido no Brasil.
Neste ano de 2010, trabalhadores e trabalhadoras rurais do Nordeste enfrentam situações emergenciais a partir de realidades opostas. Enquanto parte sofre os prejuízos causados pelas enxurradas, principalmente nos estados de Pernambuco e Alagoas, outra metade enfrenta os danos de uma estiagem, no caso do Ceará, fenômeno conhecido como seca verde. As chuvas foram 44% abaixo da média histórica, a safra de grãos acumulou perdas de 66,22%. E apesar de na paisagem predominar o verde, as culturas não puderam vingar. Novamente, os mais pobres foram os mais atingidos pelas intempéries climáticas nos dois extremos.
A lição é clara e urgente. Precisamos refletir e aprender com a diversidade da natureza nordestina. As ações e programas emergenciais, necessários nesse momento, devem vir casados com a efetivação de políticas para a convivência com o semi-árido e demais ecossistemas. Os trabalhadores e trabalhadoras rurais não são os únicos beneficiados, mas cada um dos que vivem nas grandes e pequenas cidades e recebem o alimento das mãos dos que vivem no campo.