Brasil, paraíso da Monsanto

Da Folha de S. Paulo Depois de dois anos na presidência da Monsanto no Brasil, o engenheiro André Dias, 42, acredita que a empresa consolida "uma mudança de imagem". A multinacional americana foi alvo de críticas de ambientalistas desde o início da produção da soja geneticamente modificada nos Estados Unidos, em 1995. Dez anos depois, veio a regulamentação no Brasil. Agora, com o aumento do uso de sementes transgênicas pelos produtores locais, o país representa o segundo maior mercado para a empresa globalmente. A seguir, trechos da entrevista exclusiva à Folha


Da Folha de S. Paulo

Depois de dois anos na presidência da Monsanto no Brasil, o engenheiro André Dias, 42, acredita que a empresa consolida “uma mudança de imagem”.

A multinacional americana foi alvo de críticas de ambientalistas desde o início da produção da soja geneticamente modificada nos Estados Unidos, em 1995.

Dez anos depois, veio a regulamentação no Brasil.

Agora, com o aumento do uso de sementes transgênicas pelos produtores locais, o país representa o segundo maior mercado para a empresa globalmente. A seguir, trechos da entrevista exclusiva à Folha

O mercado local

O Brasil resistiu bem à crise de 2008, inclusive na agricultura. Além disso, o ambiente regulatório melhorou muito na área de biotecnologia.

Em 2009, o Brasil assumiu o segundo lugar no ranking mundial dos países com mais hectares plantados com biotecnologia (transgênicos), superando a Argentina, segundo o ISAAA (instituto internacional que faz o acompanhamento do setor).

A área chegou a 21 milhões de hectares, com um aumento de 35% em relação à verificada no ano anterior. E, também para a Monsanto, o país se tornou o segundo mercado mais importante.

Está à frente da região que envolve Europa, Oriente Médio e África e atrás apenas dos Estados Unidos, que têm biotecnologia há mais de dez anos. Aqui, a primeira soja transgênica tolerante ao herbicida glifosato e produzida com tecnologia Monsanto foi aprovada em 2005.

Já em relação ao milho transgênico, o primeiro ano de plantação foi 2008, com o grão resistente a insetos. A empresa no país Mais de 80% do negócio da Monsanto hoje -tanto globalmente quanto no Brasil- vem da área de sementes e biotecnologia.

Os outros 20% correspondem à proteção de cultivos (defensivos agrícolas).

É muito provável que, nos próximos anos, pelo crescimento da demanda por sementes modificadas, a área de proteção de cultivos diminua na empresa. Também produzimos sementes convencionais. Curiosamente, a nossa marca de soja convencional -a Monsoy- é líder de mercado.

Lançamentos no Brasil

Planejamos, para os próximos dois anos, o lançamento, exclusivamente no Brasil, da segunda geração da soja RR, que vai ser resistente a insetos (variedade BTRR 2).

Esse produto foi desenvolvido especificamente para o mercado brasileiro porque, nos Estados Unidos, não há o problema do ataque de insetos à soja. Além disso, neste próximo verão, haverá o lançamento da segunda geração de milho tolerante a insetos (tecnologia VT PRO).

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Tem mudado a forma como somos vistos tanto pelo produtor agrícola quanto pelo consumidor final dos alimentos. Por várias razões. O agricultor percebeu quantos benefícios a biotecnologia traz. As parcerias que estabelecemos com outras empresas, universidades e fundações ajudaram a reduzir o estranhamento que poderia haver com o nosso trabalho.

E, por fim, vários mitos sobre os transgênicos começaram a cair por terra para o consumidor. Se já estamos onde gostaríamos? Não. Meu objetivo é que a empresa seja admirada no Brasil. Como diz um colega aqui, ainda existe uma distância muito grande entre a Avenida Paulista e o campo.