Fusão pode criar gigante das commodities
Do Financial Times
A Louis Dreyfus, “trading” (comercializadora) de commodities francesa que opera sob controle familiar, está negociando uma fusão com a rival Olam, de Cingapura, para criar a terceira maior “trading” agrícola do mundo.
A Olam revelou as negociações ontem, o que fez com que suas ações atingissem o maior valor em três anos. A empresa informou que as duas companhias estavam discutindo “uma possível colaboração de negócios que pode tomar a forma de, entre outras coisas, uma fusão”.
A combinação delas criaria uma empresa com valor de mercado estimado de US$ 15 bilhões e que seria a maior operadora nos mercados de commodities como algodão, arroz e café -e teria presença formidável também nos de cacau, trigo, milho e sementes oleaginosas.
Caso a fusão seja concretizada, formaria a terceira maior “trading” mundial, depois da Cargill e da Archer Daniels Midland. A Olam, que tem valor de mercado de cerca de US$ 5 bilhões, anunciou que as discussões por enquanto são “preliminares” e acautelou que elas podem ser abandonadas sem acordo.
As ações da Olam subiram 56,8% em Cingapura, cotadas a 33,15 dólares de Cingapura, depois do anúncio. Elas registram alta de 30,7% nos últimos 12 meses. A Louis Dreyfus está considerando uma mudança radical em sua estrutura de propriedade e há rumores no mercado de que estaria considerando diversas opções, entre elas, a abertura do seu capital em Bolsa de Valores.
O grupo francês teve receita de US$ 34 bilhões em 2010, o dobro de seu faturamento em 2006. Os executivos de “tradings” rivais acreditam que seu valor de mercado seja da ordem de US$ 10 bilhões a US$ 11 bilhões.
Expansão
A Louis Dreyfus está tentando se expandir para além de seu papel tradicional como “trading” pura, o que faz dela uma empresa de grande receita, mas margens ínfimas de lucro, por meio de investimento em ativos de produção -mais lucrativos, mas que exigem mais investimento de capital pesado.
Dirigida por Serge Schoen desde 2005, a empresa anunciou que sua prioridade seria desempenhar um papel na consolidação do comércio de commodities nas Américas, mas também deseja “materializar” suas ambições na Ásia e “aproveitar oportunidades de crescimento no Oriente Médio e na África”.
Com o tempo, a Louis Dreyfus afirma que “o comércio de produtos agrícolas crescerá, dada a expectativa de um alargamento do desequilíbrio entre as regiões de oferta e as de procura”.
No passado, a empresa conseguiu bancar sua expansão por meio de empréstimos e aproveitando seu fluxo interno de caixa, como aconteceu no período de rápido crescimento das décadas de 70 e 80, quando começou a comercializar algodão, frutas cítricas e café.
Mas o novo esforço de expansão surge em um período de ativos com valores mais elevados -e concorrentes acreditam que a empresa não seja capaz de crescer no ritmo desejado sem obter uma nova fonte de capital.
(Tradução de Paulo Migliacci, da Folha de S. Paulo)