Sem Terrinha sobe morro no Dia da Criança em Porto Alegre
Por Raquel Casiraghi
Da Página do MST
Crianças acampadas e assentadas de todo o Rio Grande do Sul tiveram um Dia da Criança diferente, nesta terça-feira.
Cerca de 500 sem terrinha desceram dos ônibus no mirante do Morro Santa Teresa, pela manhã, em Porto Alegre, para conhecer a realidade das crianças da cidade.
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A atividade também aconteceu em apoio à luta das famílias contra o projeto de lei do governo estadual que permuta o terreno da FASE (Fundação de Assistência Socioeducativa) e parte do morro, entregando o local para a especulação imobiliária.
[img_assist|nid=10760|title=|desc=|link=none|align=right|width=640|height=481]Um grupo de batucada, palhaços e atuadores teatrais do Levanta Favela conduziram a caminhada dos Sem Terrinha, juntamente com as crianças e lideranças do morro, pelas ruas das comunidades. Muitos moradores foram até a porta e janela de casa para ver toda a movimentação.
A caminhada encerrou na Vila União Santa Teresa, no topo do morro, onde as crianças realizaram uma oficina de fotografia. Uma caixa de lona preta simulava a máquina escura, em que as crianças entravam e viam a imagem da Orla do rio Guaíba e do Morro Santa Teresa projetada em uma lona branca.
A área é bastante visada por empreiteiras para a construção de moradias de luxo, motivadas por obras para a Copa de 2014. O fotógrafo e integrante do ponto de cultura Quilombo do Sopapo, Eduardo Seidl, coordenou a atividade.
“Eu vi bastante coisa. Vi o Guaíba, o morro, o hipódromo”, contou Wesley, de 7 anos, assentado em Nova Santa Rita.
Um grupo de crianças do morro fez uma apresentação de karatê e de capoeira, mostrando aos Sem Terrinha um pouco do que fazem as crianças do morro. Sem muita cerimônia, as crianças do campo foram para a roda.
As associações de moradores fizeram e distribuíram lanches paras as crianças.
O que eu quero é ser feliz / Andar tranquilamente na favela em que eu nasci
Sem terrinha e as crianças do morro logo se identificaram: nas brincadeiras, nas dificuldades e no que querem.
“Está sendo bom porque estamos conhecendo outras pessoas e uma outra realidade. As crianças do MST e do morro puderam trocar experiências e ver que as dificuldades que enfrentam, como na educação, são parecidas”, relatou Neliana Pires, do Acampamento Che Guevara, de Passo Fundo (Norte do RS).
Neliana achava que nas vilas tinha muita gente brigando e discutindo. Ao subir o morro, viu que não é assim como mostrado nas TVs.
A visita ao morro também mudou o que Allisson Machado da Silva, da vila União Santa Teresa, pensava do MST. “Imaginava que eram bagunceiros, que só vinham estragar as coisas. Mas não, eles são legais e organizados. Achei muito legal, conheci muita gente nova”, disse o guri, de 10 anos.
As crianças acreditam que a visita também deixou frutos. “Nessa vinda para cá, as crianças do MST puderam mostrar às crianças do morro que podemos nos juntar e lutar”, comentou Neliana.
Abaixo, veja mais fotos da atividade.
[img_assist|nid=10761|title=Crianças do MST e do morro na roda de capoeira|desc=|link=none|align=left|width=640|height=435]
[img_assist|nid=10762|title=“O morro é MEU”, dizia o vendedor do morro. “Não, o morro é NOSSO”, retrucavam as crianças.|desc=|link=none|align=left|width=640|height=480]
[img_assist|nid=10763|title=O senhor Morro convida as crianças para conhecê-lo.|desc=|link=none|align=left|width=640|height=480]
[img_assist|nid=10764|title=- Sem terrinha deixam o morro cheios de lembranças|desc=|link=none|align=left|width=640|height=480]
[img_assist|nid=10765|title=A vista do morro mostra por que a área é tão cobiçada (Foto: Leonardo Melgarejo)|desc=|link=none|align=left|width=640|height=427]