“Fracasso da Convenção do Clima prejudicará humanidade”
Por Alfredo Acedo
Da Minga Informativa de Movimentos Sociais
A 16ª Conferência da Convenção Marco da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-16) já é vista como um fracasso, que afetará o futuro da humanidade porque se está fortalecendo a idéia das transnacionais lucrarem com a crise climática, disse Alberto Gómez, da coordenação internacional da Via Campesina.
Nos últimos documentos de discussão, foram eliminadas as propostas do Acordo dos Povos assinado em Cochabamba (Bolívia) e a balança se inclinou em favor do mercado de carbono e do REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), mecanismo através do qual avança a privatização mundial de matas, selvas e territórios, explicou
“Já podemos dizer que no processo de negociações rumo a Cancún foram impostos os interesses das transnacionais e virá uma forte impulso para um esquema financeiro que obriga os países a entrar em um ajuste climático mercantilista”.
“Nós não concordamos com as falsas soluções, como o mercado de carbono, porque longe de contribuir com a redução das emissões de gases de efeito estufa, gerará cedo ou tarde um sistema especulativo que poderia provocar outra crise financeira global”.
Por isso, as mobilizações da Via Campesina pretendem denunciar a irresponsabilidade da maioria dos governos que optaram por favorecer o grande capital em detrimento do interesse de suas nações e da humanidade, disse Gómez.
“As caravanas internacionais que começaram no domingo 28 buscam desmascarar o governo mexicano, mostrando a devastação ambiental e social em todo o território nacional provocada por políticas públicas contrárias ao interesse da maioria do povo”.
“Nas atividades que desenvolveremos no acampamento que a Via Campesina instalará em Cancún a partir de 2 de dezembro, vamos denunciar estes atos e convocaremos todos a se manifestarem para obrigar que a Conferência adote medidas efetivas contra a crise do clima, como as defendidas pelo Acordo dos Povos”.
“Nós afirmamos que as camponesas e os camponeses são necessários e úteis para a humanidade. Nosso papel é produzir alimentos e o fazemos de maneira sustentável, esfriando o planeta. E se contássemos com um modelo de produção, distribuição e consumo diferente poderíamos acabar com a fome e contribuir com o combate ao aquecimento da atmosfera”.
“A soberania alimentar —concluiu Gómez— é a alternativa da Via Campesina frente ao capitalismo que agora quer privatizar até o ar que respiramos”.