Movimentos sociais definem datas de luta para 2011

Por Igor Ojeda
Do Brasil de Fato

Por Igor Ojeda
Do Brasil de Fato

de Dacar (Senegal)

 Em um auditório da Universidade de Dacar lotado, organizações populares de todo o mundo, reunidos na Assembleia dos Movimentos Sociais, definiram na quinta-feira (10) duas datas comuns de luta para 2011. No dia 20 de março, está prevista uma mobilização global em solidariedade às rebeliões no mundo árabe. Em 12 de outubro, dia já vinculado à resistência indígena na América Latina, ocorrerá uma jornada global de luta contra o capitalismo.

“A Assembleia dos Movimentos Sociais convoca as forças e atores populares de todos os países a desenvolver duas grandes mobilizações, coordenadas a nível internacional, a participar na emancipação e autodeterminação do povo e fortalecer a luta contra o capitalismo”, diz um trecho da declaração lançada durante a assembleia.

O encontro teve início com a fala e a música de um grupo de cinco cantores senegaleses de hip hop, que discursaram contra os problemas do país, seu presidente e o capitalismo. Em seguida, cantaram músicas de protesto, que foram ovacionadas pela plateia. Alguns minutos depois, chegou ao auditório a notícia equivocada de que o ditador do Egito havia caído, informação que foi corrigida posteriormente. Mesmo assim, a saída de Hosni Mubarak em questão de tempo – outra esperança frustrada, já que ele anunciou posteriormente sua permanência – foi muito comemorada pelos movimentos sociais, que aplaudiam e gritavam palavras de ordem em favor da população egípcia.

Um dos integrantes de organizações sociais egípcias presente pediu a palavra para pedir o apoio imediato das forças populares de todo o mundo. “O que está acontecendo não é algo pequeno. É um verdadeiro terremoto. Há exatamente seis dias, eu estava no meio da mobilização na praça Tahrir, no Cairo. O povo mudará a cara feia das ditaduras árabes. O povo egípcio fez um buraco no imperialismo. Provou que é corajoso o suficiente para pagar o preço de sua liberdade”.

Em seguida, o intelectual egípcio Samir Amin subiu ao púlpito para afirmar que a mobilização no seu país é uma revolução democrática. “O povo tem o direito de transformar o sistema econômico, político e social e manter uma política internacional independente”, referindo-se ao alinhamento de Mubarak com os interesses dos Estados Unidos.