Defensores populares se formam em São Paulo

Por Joana Tavares

Da Página do MST

Por Joana Tavares

Da Página do MST

Formar lideranças populares para defender os direitos de sua comunidade. Basicamente, esse é o objetivo do Curso de Defensores Populares de São Paulo. A segunda turma, com 58 alunos, se formou no dia 11 de fevereiro, depois de 15 aulas sobre diversos temas, como “Noções do Estado brasileiro”, “Direitos Humanos”, “Economia” e “Questão Agrária”.

O paraninfo escolhido pela turma, João Pedro Stedile – que foi um dos professores do curso – encarou o convite como uma homenagem ao MST, que, segundo ele “é um defensor popular coletivo”. Ele reforçou a ideia que “só a luta faz a lei” e importância de projetos que garantam o empoderamento do povo.

Promovido por uma parceria entra o Escritório Modelo ‘Dom Paulo Evaristo Arns’, da PUC-SP, Defensoria Pública do Estado de São Paulo (DPE), Associação Paulista de Defensores Públicos (APADEP), Escola de Defensoria Pública do Estado (EDEPE), Defensoria Pública da União (DPU) e União dos Movimentos de Moradia (UMM), com o auxílio Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae (Cepis), o curso é voltado para pessoas envolvidas nas lutas sociais.

Na primeira turma, com 40 alunos, a maior parte dos educandos era vinculada a lutas por moradia. Já na segunda, o espectro se ampliou para outras lutas populares.

“O papel do Defensor Popular durante o curso e após sua conclusão é se tornar uma referência em sua comunidade ou no seu movimento, não só informando a comunidade de seus direitos, mas atuando junto a ela na luta e efetivação destes direitos. Este defensor popular não pode mais ser passivo frente às injustiças, por isso se forma com a tarefa de socializar seus conhecimentos, utilizando-os para a transformação social. O Curso é uma forma de despertar a indignação para uma atuação permanente”, aponta Delana Corazza, do Escritório Modelo da PUC.

Na formatura, o representante da turma, Francisco, pediu a todos os 58 alunos para se levantarem e afirmou: “Esses são os novos defensores populares, que devem estar sempre defendendo os direitos da população”. Dalva Magalhães, uma das novas defensoras populares, é de Atibaia, e vai ser a nova presidente da associação do seu bairro. Ela confirma o compromisso: “A gente precisa ajudar o bairro, aí vou começar a aplicar a defensoria”.

Ela conta que não perdeu nenhuma das 15 aulas – que aconteceram quinzenalmente, aos sábados – e que o curso “abriu muito sua cabeça”. Ela dá como exemplo a noção que tinha do MST, e que agora mudou completamente.

Dito, do Movimento de Moradia, se formou na primeira turma e participou da mesa na formatura da segunda. Ele reforça que “o curso de defensores populares é estratégico, fundamental, porque queremos mudar a sociedade”.

Rubens Paoletti Junior, do Cepis, completa, citando José Martí: “Só o conhecimento – que é teoria e prática – liberta. Para os companheiros que se formam, a luta continua”. “Na luta de classe para uma transformação do modo produção, temos que aprender a exercitar nosso ativismo político e sermos protagonista de nossa história”, diz Vanessa, outra formanda no curso.

Os advogados e defensores públicos presentes na atividade reconhecem os novos defensores populares como colegas, como mais pessoas para construir a noção do Direito como acesso à Justiça.

Para a próxima turma, devem ser abertas 80 vagas.