Movimentos do campo se reúnem com governador de Alagoas
Por Rafael Soriano
Por Rafael Soriano
Da Página do MST
Após as mobilizações da semana passada, que levaram 2 mil trabalhadores rurais às ruas de Maceió contra a onda de reintegrações de posse arbitrariamente emitidas pela Justiça e executadas pela Polícia Militar, uma comissão representando o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) será recebida na manhã de hoje (18/2) pelo governador. A reunião acontece às 10h na sala de despachos do Palácio Floriano Peixoto.
Na pauta, os trabalhadores cobram do governador Teotonio Villela uma posição sobre a mudança no tratamento à Reforma Agrária explícito no movimento de reintegrações. Desde novembro de 2010, mais de 25 reintegrações já foram emitidas, com cerca de 1.200 famílias atingidas, isso contando apenas as já executadas até agora. Os movimentos cobram também do Governo do Estado uma resolução para as áreas de conflito rural, enxergando-o como mais um ente da União envolvido com o desenvolvimento da Reforma Agrária e como primeiro responsável pelas famílias alagoanas.
Com a oportunidade de sentarem juntos à mesa com o Governo, os movimentos questionam qual a visão do Estado alagoano sobre a contribuição da Reforma Agrária para o desenvolvimento econômico. Num estado pobre em diversidade econômica, a produção dos assentamentos garante não somente a alimentação do povo, mas também a pluralidade de culturas e consolidação de mercados nas diversas regiões do Estado.
Essa visão de Governo deve se refletir no trato institucional à política agrária, na Secretaria de Estado de Agricultura e Desenvolvimento Agrário (Seagri) e no Instituto de Terras de Alagoas (Iteral).
Revoltados com a brutalidade e agilidade do Estado em executar mais de 25 reintegrações de posse em dois meses, os quatro maiores movimentos camponeses de alagoas (MST, CPT, MTL e MLST) vieram à capital para protestar. Na quinta-feira (10/2) os trabalhadores ocuparam o Porto de Maceió, principal porta de saída dos carregamentos do agronegócio da cana-de-açúcar e, pela tarde, engrossaram a manifestação unificada dos servidores públicos estaduais.
Na sexta-feira (11), foram ocupados os prédios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Seagri. Ainda na tarde do dia 11, os movimentos foram recebidos pelo presidente do Tribunal de Justiça, Sebastião Costa Filho, onde ficaram suspensas em 90 dias as reintegrações e uma comissão foi criada para analisar caso a caso as áreas em conflito.