Jackson Lago se despede com o povo em luta
Por Reynaldo Costa
De São Luís/ Maranhão
Da Página do MST
Foi sepultado no fim da manhã desta quarta-feira, em São Luís, o ex-governador do Maranhão Jackson Lago. A família e milhares de militantes progressistas fizeram do momento um grande ato político por um Maranhão democrático, como foi durante toda sua vida pública.
Por Reynaldo Costa
De São Luís/ Maranhão
Da Página do MST
Foi sepultado no fim da manhã desta quarta-feira, em São Luís, o ex-governador do Maranhão Jackson Lago. A família e milhares de militantes progressistas fizeram do momento um grande ato político por um Maranhão democrático, como foi durante toda sua vida pública.
Mesmo sem poder expressar uma palavra sequer, Jackson fez destes dois últimos dias momentos de grande mobilização social na capital São Luís. Foi assim desde a chegada de seu corpo, no aeroporto da capital maranhense, onde uma multidão o aguardava, em cortejo, em um carro do corpo de bombeiros pelas ruas. Uma grande carreata o seguia e uma multidão durante todo o trajeto até a sede do PDT, o saldava com bandeiras do Estado do Maranhão, as mesma que incansavelmente o acompanhou nas manifestações contra o Golpe de Roseana Sarney.
Jackson Lago morreu em decorrência de complicações de um longo tratamento quimioterápico, contra um câncer de próstata. Ele se internou, da última vez, no dia 30 de março, com pneumonia. Desde outubro de 2010, ele estava em São Paulo (SP), lutando contra o câncer, que se agravou no último ano.
Uma vida por uma luta
Jackson Lago liderou a oposição política do Estado durante décadas, não arredou o pé da luta nem mesmo debilitado, quando disputou eleições no ano passado.
Nascido em Pedreiras, Jackson iniciou sua carreira política, ainda na época da ditadura militar, na década de 1960, formou-se em medicina. Durante vários anos, exerceu a profissão em hospitais e lecionou na Faculdade de Medicina do Estado.
Em 1979, ajudou a fundar o Partido Democrático Trabalhista (PDT), ao lado de Leonel Brizola e de outros políticos de grande relevância nacional. Permaneceu filiado ao PDT durante toda a sua trajetória política.
No Maranhão, liderou as mobilizações pelas “Diretas Já” e pela a anistia de presos políticos Jackson Lago foi eleito, governador do Maranhão em 2º turno, com 51.82% dos votos, disputados com Roseana Sarney, em uma aliança chamada de Movimento Pela Libertação do Maranhão. O mesmo ficou pouco mais de dois mês quando sofreu o golpe da família Sarney.
Durante seus dois anos de governos, os movimentos sociais do maranhão puderam saber como é dialogar com um governador, algo que nunca havia acontecido antes.
Jackson atendeu varias propostas do MST, como o projeto de erradicação do analfabetismo nos assentamento rurais no Maranhão. Mas ficou apenas no plano piloto onde uma experiência, por meio do programa “Sim eu posso!”, um modelo cubano que já erradicou o analfabetismo em muitos pais doe continente.
O MST, com apoio do governo Jackson, alfabetizou 86% de trabalhadores de um total de 2.000 cadastrados, tornando quatro assentamentos territórios livre do analfabetismo.
Jackson Lago proporcionou ao povo maranhense recentemente mais três grandes atos de coragem e de militância. A primeira quando debaixo de duras criticas, partindo até mesmo do Congresso Nacional, trouxe para um dialogo o líder bolivariano presidente da Venezuela Hugo Chávez.
Essa parceria visava construir acordos econômicos para o desenvolvimento e do Maranhão e da Venezuela.
Jackson Lago surpreendeu Brasil quando permaneceu acampado junto aos movimentos sociais no Palácio dos Leões, sede do Governo, mesmo depois de cassado, resistindo por dois dias.
Na última campanha eleitoral, realizada em 2010, com a saúde já bastante debilitada, se atreveu mais uma vez a sair nas ruas do estado, construindo não uma campanha para a sua eleição, mais principalmente para evitar a continuidade da oligarquia no poder.
A certeza que Jackson deixa aos movimentos sociais e às organizações que buscam a emancipação do Maranhão é que, enquanto se tiver forças, por mínimas que sejam, devem ser usadas e em nome da liberdade.