MST comemora 22 anos de lutas e conquistas no Ceará
Por Marcelo Matos
Da Página do MST
Por Marcelo Matos
Da Página do MST
O significado destes 22 anos de luta no estado do Ceará tem como marco histórico o assentamento 25 de maio, uma das primeiras conquistas obtidas pelas mãos calejados dos trabalhadores e trabalhadoras organizados na luta pela terra.
Tal trajetória de lutas, conquistas e superação das mais diversas dificuldades é o que motiva e anima a militância e os trabalhadores para defender e continuar carregando a bandeira dos sonhos e dos anseios de milhares de camponeses sem terra desse país.
Passados 22 anos de lutas, o assentamento 25 de maio tem muita história para contar, sobretudo, por ser o primeiro assentamento do MST. Em 1985, uma delegação de camponeses e camponesas foi representar o Ceará no I Congresso Nacional de Fundação do MST, organizado pela Comissão Pastoral da Terra – CPT.
Com várias ocupações ocorrendo pelo sertão do Ceará, permeadas por conflitos entre trabalhadores e fazendeiros, a única saída restante fora a organização para conquistar a tão sonhada terra. A seca e a fome persistia em rondar o sertão cearense, num contexto de grandes mobilizações e repressão à luta, calcada nas perseguições e assassinatos de lideranças populares.
Caracterizado pela concentração de riquezas e pelo coronelismo, entrelaçados com as históricas lutas pelo acesso a terra – como a do Caldeirão do beato Zé Lourenço, no município de Crato, duramente reprimida pelas forças do exército -, a esperança se encontrava, definitivamente, na reorganização da luta camponesa
Histórico
Na madrugada do dia 25 de maio de 1989 – necessitando de um pedaço de terra para trabalhar -, 400 famílias ocuparam a fazenda Reunidas São Joaquim, localizada entre os Municípios de Madalena, Quixeramobim e Boa Viagem. Os 22 mil hectares de terras improdutivas, que pertenciam ao falecido General Wikar, já tinham sido desapropriados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Dona Maria Lima, assentada do 25 de Maio, conta um pouco sobre o processo de luta: “marchamos 185 km de Madalena a Fortaleza para denunciar a ausência da reforma agrária, enfrentando, inclusive, a União Democrática Ruralista (UDR), braço armado dos fazendeiros”, relembra.
Devido a luta dos trabalhadores Sem Terra, atualmente o estado do Ceará conta com mais de 300 assentamentos federais e 200 estaduais, com 26 mil famílias assentadas – metade organizada no MST, de acordo com dados do Incra. Entretanto, a luta continua. Segundo pesquisa do Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace), ainda há cerca de 200 mil famílias sem terra no estado, sendo que destas, 3 mil estão acampadas lutando por seu tão sonhado pedaço de chão.
25 de Maio
Atualmente, 425 famílias vivem no assentamento 25 de maio, organizadas em 13 comunidades com 18 associações comunitárias e uma cooperativa. Os mais de 2 mil habitantes contam com uma escola no campo, responsável por propiciar estudo aos filhos dos assentados e de comunidades vizinhas. Contam ainda, com a rádio comunitária “25 de Maio” (FM 95,3), que funciona com uma programação voltada à formação e informação da população assentada e comunidades rurais.
Sua capacidade de produção não deixa por menos. O assentamento é destaque, inclusive, por ser o maior produtor de ovinos, caprinos, milho, feijão e leite do município de Madalena.
Neste período de comemorações, diversas atividades ocorreram nos assentamentos do Ceará, como o ato ecumênico e a noite cultural. Apresentações de grupos culturais dos próprios assentamentos – quadrilhas juninas, reisado infantil e com adultos, teatro e violeiros, banda formada por jovens do assentamento -, desfile com a escolha da rainha do milho, festa dançante na sede da cooperativa, entre outras, foram responsáveis por tornar tais comemorações ainda mais gratificantes.