Rogério Tomaz Jr: quem é violento no meio rural?


Por Rogério Tomaz Jr
Do
Blog Conexão Brasília Maranhão

 


Por Rogério Tomaz Jr
Do
Blog Conexão Brasília Maranhão

 

Mais de 1600 assassinatos de lideranças ou militantes camponeses nos últimos 25 anos.

Em média, mais de um por semana.

E “os sem terra” é “violento”, “fora da lei”, “radical”.

Só nas últimas três semanas, seis mortes na Amazônia.

E “os sem terra” é “violento”, “fora da lei”, “radical”.

No último fim de semana, arrombamento da sede da CPT do Maranhão.

E o MST é “violento”, “fora da lei”, “radical”.

Duas semanas atrás, um líder quilombola, também no meu Maranhão querido, sofreu atentado a bala em sua casa.

E “os sem terra” é “violento”, “fora da lei”, “radical”.

Centenas de militantes e defensores de direitos humanos sofrem com ameaças de policiais, pistoleiros e da própria Justiça, como o advogado José Batista Gonçalves, condenado por fazer o seu trabalho de assessoria jurídica e tentar evitar conflitos que levassem pessoas à morte.

No 24 de maio passado, enquanto Sarney Filho anunciava com pesar o assassinato de José Cláudio, na tribuna da Câmara, os agroboys da Kátia Rebelo e do Aldo Abreu vaiavam nas galerias.

E “os sem terra” é “violento”, “fora da lei”, “radical” porque derruba pés de laranja.

Só no Pará, mais de 900 trabalhadores rurais ou apoiadores da luta campesina foram assassinados nos últimos 30 anos.

E “os sem terra” é “violento”, “fora da lei”, “radical”.

Em Pernambuco ou no Rio Grande do Sul, a Polícia Militar intimida (com bombas, sirenes e tiros), prende, espanca e tortura. Ou, simplesmente, executa. Como no Massacre do Eldorado dos Carajás.

E “os sem terra” é “violento”, “fora da lei”, “radical”.

Os movimentos propõem limite para latifúndios (existentes em muitos países “mudernos”) e atualização de índices de produtividade (defasados “apenas” em três décadas e meia) e o sabujo do Bóris Casoy lê editorial dizendo que a propriedade e o Estado de Direitos estão ameaçados no Brasil.

E “os sem terra” é “violento”, “fora da lei”, “radical”.

Tipo em Coqueiros, no Rio Grande do Sul, onde uma única fazenda ocupa 30% do município e gera 6 empregos, aí o MST ocupou várias vezes…

E é “violento”, “fora da lei”, “radical”.

A PEC que expropria terras onde existir trabalho escravo mofa há mais de década no Congresso Nacional, mas o Código da Motosserra que envergonha o Brasil no exterior é aprovado com folga em dois anos.

E “os sem terra” é “violento”, “fora da lei”, “radical”.

Mais de cinco mil pessoas de entidades e movimentos sociais que não aceitam a lei do latifúndio vivem e dormem com um ou dois olhos abertos, atentos a um tiro certeiro como bala que já cheira sangue.

E “os sem terra” é “violento”, “fora da lei”, “radical”.

Sem falar na ultra-esquerda (que, muitas vezes, fala para o próprio umbigo e para as paredes) que acusa o MST de ser governista ou recuado demais.