Polícia Militar despeja famílias acampadas em Americana, São Paulo
Por Vanessa Ramos
Da Página do MST
Por Vanessa Ramos
Da Página do MST
Eram 10 horas da noite, na última segunda-feira (29/8), quando a Polícia Militar (PM) do município de Americana, em São Paulo, cercou famílias acampadas em terras griladas pela Usina Esther. Os policiais ameaçaram destruir todos os barracos – com homens, mulheres e crianças dentro deles – caso as famílias não saíssem da área ocupada.
Pessoas que haviam saído do acampamento de manhã para irem ao trabalho foram surpreendidas ao retornar para o local e impedidas de falar com familiares ou pegar pertences deixados nos barracos. Estradas próximas ao acampamento também foram bloqueadas com intuito de impedir o acesso de carros à região.
Nilcion Costa, advogado do Setor de Direitos Humanos do MST, que defende os acampados e que é responsável por garantir a segurança das famílias e o respeito aos direitos humanos, também foi barrado e impedido de entrar na ocupação.
As famílias do assentamento Milton Santos, localizado próximo à Usina, também sofreram consequências da ação policial. As casas foram revistadas e famílias intimidadas, numa tentativa de inibir qualquer atitude solidária aos acampados.
Segundo Costa, a estratégia de abordagem utilizada pelos policiais foi a de terror. “Eu fui para o assentamento Milton Santos [após ser impedido de entrar no acampamento], estava na casa de um amigo, falando ao telefone com o deputado estadual Simão Pedro (PT) sobre a ocupação quando a polícia bateu na porta, arrancou o telefone da minha mão e interrompeu a ligação”, contou atônito.
“Não pretendemos resistir ao despejo e agiremos pacificamente. Contudo, a situação é de total alerta para as famílias que temem a truculência policial durante a desocupação ao amanhecer”, informou o Setor de Comunicação Regional do MST-Campinas, por meio de um comunicado, às 22 horas da segunda.
Assim, para evitar atitudes mais violentas, por volta das 3 horas da manhã desta terça-feira (30/8), as 600 famílias acampadas deixaram as terras griladas e foram para uma área dentro do assentamento Milton Santos.
Aproximadamente, às 10 horas da manhã desta terça, a polícia destruiu todos os barracos. Agora, as famílias acampadas aguardam uma solução para a situação.
No entanto, na última sexta-feira (26/8), foi enviado um documento ao poder judiciário pelo Ouvidor Agrário Nacional, em que era requerido o adiamento da reintegração de posse até que o Incra investigasse a situação das terras ocupadas e se posicionasse na justiça. Apesar disso, o juiz ignorou o documento e a posição do ouvidor e manteve a reintegração de posse em benefício da Usina Ester, que grila terras públicas federais, estaduais e municipais na região.
Usina Esther
Em 2005 foi provado que a área que a Usina Esther ocupa é uma área federal, pertencente ao INSS. Apesar disso, a Usina utiliza ilegalmente as terras griladas para a monocultura de cana-de-açúcar, ao invés de ser destina para a Reforma Agrária como determina a Constituição.