Filhos de assentados no Paraná tem aulas de Judô
Por Rudison Luiz Ladislau
Por Rudison Luiz Ladislau
O Judô, esporte praticado por mais de dois milhões de brasileiros, é quase que exclusivamente privilégio dos grandes centros urbanos, sendo ainda praticado na maior parte em academias privadas, em alguns colégios particulares, em raríssimos colégios públicos e não sendo conhecidas experiências de Judô nas escolas do campo, até então.
Nesse sentido o Colégio Estadual Iraci Salete Strozak, localizado no Assentamento Marcos Freire, município de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, é pioneiro na oferta do Judô na escola do campo e em áreas de Reforma Agrária.
Pois, no dia 16 de agosto de 2011, ficou registrado como a data de mais uma conquista da juventude camponesa e estudantil, data na qual é iniciada as aulas de Judô neste estabelecimento de ensino (na foto).
No Colégio Estadual Iraci Salete Strozak são vários os projetos já desenvolvidos, que tiveram a função não apenas de ser uma fonte de lazer aos jovens que eram recém assentados, mas também faz parte de uma estratégia de formação dos educandos e uma maneira de evitar a evasão e repetência. Nessa instituição alguns resultados da prática desses projetos foram relatados:
De acordo com o Projeto Político Pedagógico da Escola, “o fator positivo, além dos destacados acima é com certeza a mudança que a participação nestes projetos tem trazido no âmbito da aprendizagem. Educandos que apresentavam sérios problemas de comportamento, disciplina e mesmo de aquisição do conhecimento apresentam mudanças significativas em um curto espaço de tempo. Por isto mesmo com todas as dificuldades o colégio insiste em manter estes projetos”.
Está concepção de arte/cultura/esporte vai ao encontro das idéias formativas do fundador do Judô. Quando Jigoro Kano criou o Judô, estava pensando em um sistema educativo de formação humana, que se utiliza dos fundamentos técnicos e teóricos das lutas como mecanismos de desenvolvimento pleno do indivíduo.
Nessa perspectiva, inúmeros autores têm demonstrado e defendidos esse caráter sócioeducativo do Judô, que desenvolve nos educandos a concentração, atenção, adaptação, autocontrole, disciplina, autonomia e contribui no processo de socialização, fazendo-se acentuar o respeito às diferenças e potencialidades individuais. Isso inclusive tem colaborado para uma melhora significativa em sala de aula no processo ensino – aprendizagem.
Para Saray Santos, autor do livro Judô: Filosofia Aplicada. “o Judô, quando trabalhado com o pressuposto teórico que foi idealizado, pode ser considerado um dos esportes mais completos, já que integra arte e filosofia. Como atividade física, todas as partes do corpo entram em ação de todas as formas e se desenvolvem harmoniosamente, adquirindo força, flexibilidade, resistência, agilidade. Filosoficamente, seus princípios e sua disciplina complementam o trabalho que permite um desenvolvimento do caráter, possibilitando ao praticante o autoconhecimento, permitindo que se conheça seus limites e tente superar obstáculos que inicialmente pareçam intransponíveis”.
Foto: Internet/Arquivo