Seminário Internacional de Economia Solidária reúne grupos produtivos

 

Por Ivna Girão

 

Por Ivna Girão

Todos reunidos em Fortaleza com o mesmo interesse: fortalecer a economia solidária e todos os valores humanitários, sustentáveis que essa prática carrega. Mais de 150 pessoas, oriundas do Brasil e demais países da Europa e África, estão participando, desde o dia 18 de outubro, do Seminário Internacional de Economia Solidária, no Hotel Amuarama. O momento está sendo de intercâmbio, de trocas de experiências. A mesa de abertura foi um exemplo disto. Reuniu representante da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), de secretarias municipais, de parlamentares, grupos produtivos, entidades apoiadoras e financiadoras.
 
A abertura contemplou o debate sobre a “Análise de conjuntura e políticas púbicas de economia solidária no Brasil e na Europa” com a presença de Regilane Fernandes da SENAES, o Deputado Federal Eudes Xavier, o vereador Ronivaldo Maia – ambos parlamentares da Frente Parlamentar da Economia Solidária no Brasil – e Laurentd, representante de financiador da Europa. Na plateia, empreendedores, pesquisadores, professores e universitários.
 
Para Regilane Fernandes, ainda há muita imprecisão sobre o que seria Economia Solidária. “Muitas pessoas confundem Economia Popular e Economia Solidária. Temos que fortalecer nosso discurso”, ressalta. Ela apresentou os dados de investimentos. Segundo Regilane, foram localizados, até 2007, cerca de 2 milhões de grupos que adotam a Economia Solidária no Ceará.
“A gente tem consciência que a Economia Solidária é um novo sistema dentro de um sistema já vigente, o capitalismo”, ressaltou.
 
Com representantes de vários outros países, principalmente da África, a cabo-verdiana Maria Estrela, lamentou o fato do Governo local da sua cidade ainda não estar sensível em relação ao conceito de Economia Solidária. “Não há vontade política”, frisou. O primeiro dia finalizou com debate abordando a maior necessidade de investimentos e de fortalecimento dos grupos produtivos. Para fechar o momento, foi servido um coquetel que marcou também o aniversário de 12 anos do Instituto Florestan Fernandes (IFF). 
 
O segundo dia do seminário, na quarta-feira, dia 19, seguiu com apresentação de painel sobre “Comercialização e Finanças Solidárias” pela manhã e à tarde com as oficinas temáticas sobre: bancos comunitários e moeda social (com Sandra Magalhães do Banco Palmas), sobre turismo solidário (com Maria Estrela do Ateliê mar e Marly Scharer da Prainha Canto Verde -Beberibe) e sobre comercialização nas feiras (com Maria da Glória da Caritas Regional).
 
Na quinta-feira, dia 20, o momento é de intercâmbio. O terceiro painel, de 8h30min às 12h, trará o tema das “Experiências de Desenvolvimento Local e Soberania Alimentar” com a presença de moradores de Guiné Bissau e do Movimento Sem Terra (MST). À tarde, a partir das 14h, teremos um momento para a troca de experiências entre os participantes com o conhecimento sobre: a festa da Carnaúba, Feira Cultural do Tapeba e Jogos Indígenas.
 
As atividades da sexta-feira, dia 21, contarão, de 8h30min às 12h, com Oficinas Temáticas sobre: fundos rotativos com a presença de Olivia Mende (da Citihabitar), sobre certificação da produção com Neneide Viana (da Rede Xique Xique), sobre comercialização e consumo com Cilene Sousa (da Dendê Sol) e sobre comércio justo com Victória Régia (do IMS). À tarde, a partir das 14h,o evento terá painel sobre Economia Solidária Feminista, fechando o evento com uma plenária final sobre os desafios e perspectivas da Economia Solidária.
 
O evento, realizado entre os dias 18 e 21 de outubro, no Hotel Amuarama, contará com a presença de representantes das instituições parceiras do Fundo de Apoio e Desenvolvimento das Organizações Comunitárias (FADOC) e entidades da América Latina, Europa e África. Será um momento de intercâmbio entre os povos, de debate sobre os avanços e a incidência das politicas públicas na Economia Solidária. Durante todos os dias do encontro haverá feira com empreendimentos e produtos trazidos pelos vários países continentes.
 
O encontro conta com a realização do Instituto Florestan Fernandes (IFF), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Ceará (MST/CE), do ETAPAS/Recife, da FASE/Bahia e SOLSOC. Tem como objetivo fortalecer a construção e o compartilhamento de concepções e práticas de economia solidária, bem como as estratégias de incidência em políticas públicas, através da troca de experiências, intercâmbio e articulação internacional.
 
FADOC
 
O Programa FADOC, consiste numa estratégia de fortalecimento dos atores sociais do Sul e do Norte comprometidos em redes para promoção da democracia e dos direitos econômicos e sociais. Em execução desde o início dos anos 1980, tem o intuito de fortalecer a dinâmica do trabalho da SOLSOC (Solidariedade Socialista) e de parceiros, apoiando projetos em 13 países através de um Fundo de Apoio e Desenvolvimento das Organizações Comunitárias (FADOC).
 
No Brasil, o Programa FADOC vem sendo desenvolvido desde 2008, através da parceria entre a SOLSOC, o IFF (Instituto Florestan Fernandes), o MST/CE (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – Ceará), a ETAPAS (Equipe Técnica de Assessoria e Ação Social) e a FASE (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional), fortalecendo as ações de 11 Organizações Comunitárias de Base (OCB) e uma Federação de 56 OCB’s nos estados do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Bahia, apoiando ações em torno dos eixos temáticos “Segurança e soberania alimentar” e “Trabalho decente para uma vida digna”.

O Programa objetiva fortalecer seus protagonistas em suas capacidades para conceber e realizar atividades de desenvolvimento geradoras de transformação social em matéria de segurança e soberania alimentar, do acesso a um trabalho decente e uma vida digna; democratização das políticas de desenvolvimento e das instituições e desigualdade social entre mulheres e homens, em relação à juventude e às discriminações em geral.