Ameaças a familiares de José Claudio e Maria continuam no PA
Da Comissão Pastoral da Terra
Passados seis meses, a família de José Cláudio e Maria do Espírito Santo, diante da morosidade da justiça no caso, encaminha carta ao ministro da Justiça para que medidas efetivas sejam implementadas na região, já que alguns familiares do casal tiveram que sair da área onde viviam, devido à série de ameaças que vinham recebendo.
Da Comissão Pastoral da Terra
Passados seis meses, a família de José Cláudio e Maria do Espírito Santo, diante da morosidade da justiça no caso, encaminha carta ao ministro da Justiça para que medidas efetivas sejam implementadas na região, já que alguns familiares do casal tiveram que sair da área onde viviam, devido à série de ameaças que vinham recebendo.
Leia a Carta na íntegra:
Exmo. Sr.
José Eduardo Cardoso
Ministro da Justiça.
BRASÍLIA – DF.
Senhor Ministro,
Passados quase seis meses do assassinato de JOSÉ CLÁUDIO e MARIA DO ESPÍRITO SANTO, nos dirigimos a Vossa Excelência para informar sobre a situação das famílias assentadas no referido assentamento e dos familiares do casal assassinado, considerando, as medidas prometidas por este Ministério nas audiências realizadas com o Senhor Ministro e documentos enviados pelos familiares posterior às audiências.
As revindicações apresentadas ao Senhor Ministro foram sobre os crimes ambientais no interior do PA; a segurança referente à integridade física dos familiares e dos demais integrantes da comunidade e o reordenamento fundiário do Assentamento Praia Alta Piranheira. Para enfrentar esses problemas solicitamos à época:
1 – presença de uma equipe de policiais da Força Nacional no interior do PA (não foi implementado);
2 – a retomada dos lotes concentrados ilegalmente no PA (não foi feito pelo INCRA);
3 – fiscalização do IBAMA (não voltaram mais no Assentamento);
4 – investigação das ameaças aos familiares do casal (nenhum resultado foi apresentado);
5 – completa investigação sobre a morte do casal (outros fazendeiros citados como mandantes do crime não foram devidamente investigados).
Como as medidas prometidas não foram implementadas, consequentemente, a situação tem se agravado no interior do Assentamento, como:
1 – Produção ilegal de carvão: aproximadamente 100 fornos de carvão voltaram a funcionar dentro do Assentamento;
2 – Desmatamento: várias áreas desmatadas além do tamanho permitido para a agricultura familiar;
3 – Extração ilegal de madeira: foi retomada a retirada ilegal de castanheiras e outras espécies;
4 – apropriação ilegal de lotes: a família de Zé Rodrigues (um dos mandantes da morte do casal) se apropriou dos três lotes na área da floresta, onde se encontravam os trabalhadores Tadeu, Zequinha e Marabá.
5 – Caça predatória: pessoas não conhecidas intensificaram a caça predatória no lote do casal de ambientalistas assassinados;
6 – Intimidações: o memorial colocado no local onde o casal foi assassinado foi parcialmente destruído.
Desde o assassinato do casal, a irmã da vítima Maria do Espírito Santo, a senhora Laísa Santos Sampaio, não teve mais condições de retonar ao lote, pois sente-se ameaçada e coagida. Na madrugada do dia 18/08/2011, desferiram tiros alvejando o cachorro da mesma, pois o animal realizava a vigilância da casa e, frequentemente, tem recebido “recados” por pessoas da localidade, para que a mesma cale a boca ou então sua vida terminará como a de sua irmã. Tais fatos também tem ocorrido com a Sra. Claudelice Silva dos Santos (irmã de Zé Claudio), razão pela qual, também se encontra fora do assentamento.
Colocamos-nos à disposição para outras informações e esperamos resposta de Vossa parte.
Marabá, 07 de novembro de 2011.
Laísa dos Santos Sampaio e
Claudelice Silva dos Santos.
(em nome dos familiares).