Mulheres lançam carta política em Minas Gerais

 


 


Da Página do MST

Nós, mulheres mineiras do Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra e da Marcha Mundial das Mulheres, nos mobilizamos do dia 08 a 10 de março de 2012 para lutar pela construção de uma sociedade mais justa, igualitária e para combater o sistema capitalista, patriarcal, racista, heteronormativo e destruidor da natureza. Esse Encontro reafirma a importância da auto-organização das mulheres como uma ferramenta fundamental para a transformação da sociedade.

Juntas, somando cerca de mil mulheres do campo e da cidade de todo o estado, levantamos as bandeiras de combate à violência contra a mulher, por autonomia econômica e financeira, pelo acesso à terra e contra o agronegócio. Protagonizamos a ocupação da sede do INCRA em Belo Horizonte, o ato público nas ruas da capital mineira e dois dias de estudo e formulação em Betim, na região metropolitana.

Denunciamos que o principal instrumento de manutenção da dominação das mulheres neste sistema, ainda é a violência sexista, a qual está presente na vida de todas nós mulheres, do campo e da cidade. Apesar de já termos alcançado algumas conquistas, o Estado ainda se omite e viola os nossos direitos. Nesse sentido, é fundamental criar e fortalecer os grupos auto-organizados, construir a solidariedade entre nós mulheres e constranger e punir os agressores. Além disso, é necessário criar políticas públicas que previnam situações de violência e protejam as mulheres agredidas.

É preciso a valorização do nosso trabalho como forma de garantir nossa autonomia econômica e financeira. Para isso, reivindicamos igualdade salarial para trabalho de igual valor, acesso ao crédito produtivo para as mulheres do campo e políticas públicas que garantam a socialização do trabalho doméstico e de cuidados, como creches e restaurantes populares.

O agronegócio ameaça a soberania alimentar do país e a vida da população brasileira, afetando diretamente a realidade das mulheres. Esse modelo de agricultura faz uso intensivo de agrotóxicos e avança cada dia mais sobre os territórios. Diante disso, manifestamos contra as mudanças do novo Código Florestal, que privilegia os setores ruralistas, e somamos forças na construção da Campanha Permanente Contra o Uso de Agrotóxicos e Pela Vida.

Atualmente, 3.700 famílias vivem em condições precárias em 50 áreas de acampamento do MST em Minas Gerais em luta pela reforma agrária. Destas, 05 estão com despejos em andamento e mais 05 aguardam a decisão judicial.

Reivindicamos a reforma agrária, o acesso a terra, à água, à energia elétrica, à moradia, ao saneamento ecológico e à assistência técnica de qualidade. Ainda, lutamos pela punição dos criminosos responsáveis pelo massacre em Felisburgo, pela suspensão da ordem de despejo e imediata desapropriação da fazenda Nova Alegria, que já havia sido decretada em agosto de 2009.

Comprometemos-nos com a construção do IV Encontro de Movimentos Sociais de Minas Gerais, da Cúpula dos Povos, do Dia Mundial de Combate à Violência Contra a Mulher e a SEGUIRMOS EM LUTA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!