Jornada de Lutas em Uberlândia sofre repressão em diversas ações


 

Da Página do MST


Na manhã de terça-feira, dia 17 de abril de 2012, iniciou a Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária em frente à reitoria da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) contando com a presença de cerca de 300 manifestantes.


 

Da Página do MST

Na manhã de terça-feira, dia 17 de abril de 2012, iniciou a Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária em frente à reitoria da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) contando com a presença de cerca de 300 manifestantes.

A atividade tradicionalmente organizada pelo MST dessa vez contou com a presença de outros vários movimentos e entidades do campo e cidade de Uberlândia e região através da criação do Comitê de Combate a Violência e Criminalização dos Movimentos Sociais.

A jornada em Uberlândia teve o objetivo de evidenciar o avanço da criminalização dos movimentos sociais e a crescente onda de violência e repressão, denunciando a impunidade das execuções de vinte e um sem-terra no Eldorado dos Carajás (PA) em 1996, cinco em Felisburgo (MG) no ano de 2004 e o recente assassinato de três companheiros do MLST em Uberlândia.

Contou ainda com uma pauta de reivindicações para a Universidade Federal de Uberlândia demandando o retorno das atividades da assessoria jurídica popular da UFU para os movimentos sociais, criação de projetos de ensino, pesquisa e extensão voltados para a Reforma Agrária e Urbana, e não implementação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) no Hospital Universitário.

A UFU respondeu nossa manifestação com o fechamento dos portões e o som explosivo de uma arma de fogo disparada por um segurança privado a fim de reprimir a manifestação. Indignados os manifestantes exigiram a retirada das armas das mãos dos seguranças, o que foi acordado com a Polícia Militar e Polícia Federal e não foi cumprido.

Sob clima de tensão, nos mantivemos firmes mesmo com as intimidações, exigindo da reitoria da universidade a recepção de uma comissão do comitê para apresentação de nossa carta de reivindicações. Na parte da tarde a comissão foi recebida pelo vice-reitor Darizon Alves de Andrade, onde o mesmo não quis se comprometer com as reivindicações afirmando que não é função da Universidade atender as questões da Reforma Agrária. Sobre a vigilância o vice-reitor afirmou que defende o armamento para garantir a integridade patrimonial da universidade, mas não soube esclarecer como e de que forma.

O papel da Universidade Federal de Uberlândia está sendo o de produzir conhecimento orientado por uma lógica de um modelo de desenvolvimento econômico que exclui as camadas mais necessitadas e populares da sociedade uberlandense e região, não cumprindo com os objetivos da universidade pública de criar mecanismos de integração e desenvolvimento que estimule a solidariedade na construção de uma sociedade democrática e justa, no mundo da vida e do trabalho. Estes objetivos inclusive constam em estatuto da UFU o que demonstra o quanto é mentirosa as declarações do vice-reitor ao fazer uma afirmação que isenta a universidade de suas responsabilidades.

Em Uberaba

No mesmo dia, em outra ação da Jornada cerca de 80 famílias Sem Terra, do MST, do Acampamento Roseli Nunes II – MST do Triângulo Mineiro – ocuparam a Fazenda Inhumas, no município de Uberaba. Na madrugada de 18/04, por volta das 05h00min, um grupo de segurança privada da Empresa Máster chegou ao acampamento efetuando disparos contra os militantes.

Sem mandado judicial, por volta das 8h, a Polícia Militar de Uberaba prendeu algumas das lideranças: Edvaldo Soares e Adelson Luís. A PM alegou flagrante o que não ocorreu uma vez que as famílias já estavam com suas barracas erguidas e com estrutura montada no imóvel. A Fazenda Inhumas faz parte de uma grande fazenda que foi desmembrada em três fazendas. As outras duas fazendas já estão tomadas por canavial que produz cana para a Usina Vale do Tejuco, que integra o Consórcio CMAA – Companhia Mineira de Açúcar e Álcool -, que está instalando mais outras duas Usinas na região do Triângulo.

Sabemos que isso tem a ver com a adoção do Estado brasileiro de um modelo de desenvolvimento voltado para o agronegócio exportador que traz consequências negativas para os trabalhadores no campo e cidade. Quem ousa lutar e resistir é tratado com repressão e violência.

O dia de 17 de abril de 2012 torna-se mais um marco histórico para a unidade da classe trabalhadora e para as lutas dos movimentos sociais de Uberlândia e região que não se curvam aos interesses do capital e lutam por outro projeto societário.